Cadeirantes atendidos no ISD visitam o Museu Ferreiro Torto e debatem acessibilidade

Publicado em 1 de outubro de 2021

Um dos principais cartões-postais de Macaíba, o Museu Solar Ferreiro Torto, às margens da BR-226, foi visitado na manhã desta sexta-feira, 01 de outubro, por um grupo de pacientes atendidos na Clínica de Lesão Medular Adulto do Instituto Santos Dumont (ISD). A ação,  alusiva ao 5 de Setembro, intitulado Dia Mundial da Lesão Medular, foi organizada pela equipe multiprofissional do Projeto Rodas da Vida e teve como objetivo proporcionar um momento de integração e lazer, respeitando as normas de biossegurança, e estimular o debate entre os cadeirantes e os não cadeirantes em torno da falta de acessibilidade aos espaços públicos, como ocorre na maioria dos museus espalhados pelo Rio Grande do Norte.

 

Após um pequeno tour no primeiro piso do antigo casarão, onde a história do empreendimento que abrigou uma senzala, capela, casa de farinha e um pelourinho foi contada, os cadeirantes foram questionamos se, no dia a dia, enfrentam dificuldades de acesso aos empreendimentos públicos de lazer e cultura e todos responderam, em uníssono que sim. Eles destacaram a falta de transporte adaptador e a ausência de sinalização adequada nas vias municipais relativas ao cadeirante.

 

O paciente Judson da Silva, de 33 anos, destacou a necessidade da implementação de políticas públicas que promovam a integração das pessoas com deficiência ao cotidiano das cidades, com maior acessibilidade, sinalização e adequações necessárias como a correção de barreiras arquitetônicas em calçadas, por exemplo. O Museu Solar Ferreiro Torto não possui rampas de acesso para a entrada no casarão. Por falta de acessibilidade na área, os cadeirantes ficaram impossibilitados de visitar outros ambientes do museu, como os pavimentos superiores e o cais do porto.

 

Cadeirante há quatro anos e meio, Judson Silva destacou a falta de acesso como outro problema simples de ser solucionado. Ele sofre de paraplegia completa em decorrência de uma lesão nas vértebras torácicas 3 e 4. Ele parabenizou a ação promovida pelo ISD em parceria como o Museu Solar Ferreiro Torto e apontou que viver com lesão medular é um desafio diário. “É necessário reaprender tudo. A vida muda por completo. No começo da lesão, eu precisava de ajuda para tudo. Hoje, faço tudo sozinho”, comentou durante a visita ao museu. 

 

Após uma roda de conversa com os estudantes da Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência, orientados durante a visita pelas preceptoras multiprofissionais, a fisioterapeuta Heloísa Britto, e a psicóloga Miliana Galvão, os pacientes concordaram em estruturar uma carta com as demandas dos cadeirantes que deverá ser encaminhada à Prefeitura de Macaíba. “As leis que protegem os cadeirantes precisam sair do papel para serem  valorizadas”, disse Antônio Danrley, um dos cadeirantes presentes. Raimundo Gomes, outro paciente atendido pela Clínica de Lesão Medular Adulto do ISD, frisou que “a comunidade precisa nos ver para conquistarmos nossos direitos”.

 

História

A visita ao museu foi fruto de uma parceria do Instituto Santos Dumont com o Solar Ferreiro Torto. Na ocasião, os participantes tiveram oportunidade de conhecer um pouco mais da rica história do município de Macaíba, seu passado glorioso com figuras como Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, político e inventor do dirigível Pax, nascido no município em 1864. Além da poetisa Auta de Souza, autora do livro de poemas Horto. 

 

O museu Solar Ferreiro Torto está localizado nas proximidades do Rio Jundiaí. Antigamente, era a sede do Engenho do Ferreiro Torto. O prédio foi edificado no século XVII, recebendo então a denominação de Engenho Potengi, constituindo-se no segundo engenho de cana-de-açúcar do Rio Grande do Norte.

 

O local foi cenário de inúmeras batalhas envolvendo colonos holandeses, portugueses, índios e escravos africanos. O prédio chegou a ser praticamente destruído. Somente no Século XIX, em 1845, foi reformado e recebeu a atual denominação de Solar do Ferreiro Torto, servindo como moradia para muitas famílias nobres da cidade.

 

De acordo com Aécio Pereira, filho de Bruno Pereira (antigo proprietário do estabelecimento), o nome Ferreiro Torto foi inspirado por um coqueiro muito alto e torto que existia nas proximidades da construção, sendo que, perto da árvore, um ferreiro tinha uma tenda onde atendia viajantes que precisavam fazer manutenção das ferraduras de seus animais. Essa narrativa é apresentada no livro “O Giramundo”, de autoria de Aécio Pereira.

 

Durante muito tempo, o local serviu de moradia e até que no final da década de 70 do Século XX foi transformado em museu de arte sacra, passando a ser mantido pela Fundação José Augusto. No mesmo período, o Solar Ferreiro Torto tombou e restaurou o antigo palacete colonial.

 

Na década de 80 do mesmo século, o prédio foi novamente reformado e adaptado para funcionar como sede do Poder Executivo Municipal. Desse modo, o Ferreiro Torto foi a sede da Prefeitura de Macaíba no período de 1983 a 1989.

 

Em seguida, o prédio foi transformado em museu municipal. Mas, pouco tempo depois foi fechado. O Solar foi reinaugurado no mês de abril de 2003, reunindo uma grande exposição de fotografias que retratam a História de Macaíba e de filhos ilustres que foram destaque na sociedade local.

 

Hoje, o local recebe visitas frequentes de pesquisadores de História e de Ciências Biológicas, grupos de estudantes, famílias e turistas em geral oriundos de várias partes do Estado, do país e do mundo. O Solar Ferreiro Torto é cercado por um trecho preservado de Mata Atlântica, vegetação típica da área litorânea do Brasil. Ao seu redor, existem diversas trilhas ecológicas que o visitante pode aproveitar, além de apreciar a vista do Rio Jundiaí. Portanto, o espaço é ideal para quem gosta de História e Meio Ambiente.

Texto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Imagens: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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Um dos principais cartões-postais de Macaíba, o Museu Solar Ferreiro Torto, às margens da BR-226, foi visitado na manhã desta sexta-feira, 01 de outubro, por um grupo de pacientes atendidos na Clínica de Lesão Medular Adulto do Instituto Santos Dumont (ISD). A ação,  alusiva ao 5 de Setembro, intitulado Dia Mundial da Lesão Medular, foi organizada pela equipe multiprofissional do Projeto Rodas da Vida e teve como objetivo proporcionar um momento de integração e lazer, respeitando as normas de biossegurança, e estimular o debate entre os cadeirantes e os não cadeirantes em torno da falta de acessibilidade aos espaços públicos, como ocorre na maioria dos museus espalhados pelo Rio Grande do Norte.

 

Após um pequeno tour no primeiro piso do antigo casarão, onde a história do empreendimento que abrigou uma senzala, capela, casa de farinha e um pelourinho foi contada, os cadeirantes foram questionamos se, no dia a dia, enfrentam dificuldades de acesso aos empreendimentos públicos de lazer e cultura e todos responderam, em uníssono que sim. Eles destacaram a falta de transporte adaptador e a ausência de sinalização adequada nas vias municipais relativas ao cadeirante.

 

O paciente Judson da Silva, de 33 anos, destacou a necessidade da implementação de políticas públicas que promovam a integração das pessoas com deficiência ao cotidiano das cidades, com maior acessibilidade, sinalização e adequações necessárias como a correção de barreiras arquitetônicas em calçadas, por exemplo. O Museu Solar Ferreiro Torto não possui rampas de acesso para a entrada no casarão. Por falta de acessibilidade na área, os cadeirantes ficaram impossibilitados de visitar outros ambientes do museu, como os pavimentos superiores e o cais do porto.

 

Cadeirante há quatro anos e meio, Judson Silva destacou a falta de acesso como outro problema simples de ser solucionado. Ele sofre de paraplegia completa em decorrência de uma lesão nas vértebras torácicas 3 e 4. Ele parabenizou a ação promovida pelo ISD em parceria como o Museu Solar Ferreiro Torto e apontou que viver com lesão medular é um desafio diário. “É necessário reaprender tudo. A vida muda por completo. No começo da lesão, eu precisava de ajuda para tudo. Hoje, faço tudo sozinho”, comentou durante a visita ao museu. 

 

Após uma roda de conversa com os estudantes da Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência, orientados durante a visita pelas preceptoras multiprofissionais, a fisioterapeuta Heloísa Britto, e a psicóloga Miliana Galvão, os pacientes concordaram em estruturar uma carta com as demandas dos cadeirantes que deverá ser encaminhada à Prefeitura de Macaíba. “As leis que protegem os cadeirantes precisam sair do papel para serem  valorizadas”, disse Antônio Danrley, um dos cadeirantes presentes. Raimundo Gomes, outro paciente atendido pela Clínica de Lesão Medular Adulto do ISD, frisou que “a comunidade precisa nos ver para conquistarmos nossos direitos”.

 

História

A visita ao museu foi fruto de uma parceria do Instituto Santos Dumont com o Solar Ferreiro Torto. Na ocasião, os participantes tiveram oportunidade de conhecer um pouco mais da rica história do município de Macaíba, seu passado glorioso com figuras como Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, político e inventor do dirigível Pax, nascido no município em 1864. Além da poetisa Auta de Souza, autora do livro de poemas Horto. 

 

O museu Solar Ferreiro Torto está localizado nas proximidades do Rio Jundiaí. Antigamente, era a sede do Engenho do Ferreiro Torto. O prédio foi edificado no século XVII, recebendo então a denominação de Engenho Potengi, constituindo-se no segundo engenho de cana-de-açúcar do Rio Grande do Norte.

 

O local foi cenário de inúmeras batalhas envolvendo colonos holandeses, portugueses, índios e escravos africanos. O prédio chegou a ser praticamente destruído. Somente no Século XIX, em 1845, foi reformado e recebeu a atual denominação de Solar do Ferreiro Torto, servindo como moradia para muitas famílias nobres da cidade.

 

De acordo com Aécio Pereira, filho de Bruno Pereira (antigo proprietário do estabelecimento), o nome Ferreiro Torto foi inspirado por um coqueiro muito alto e torto que existia nas proximidades da construção, sendo que, perto da árvore, um ferreiro tinha uma tenda onde atendia viajantes que precisavam fazer manutenção das ferraduras de seus animais. Essa narrativa é apresentada no livro “O Giramundo”, de autoria de Aécio Pereira.

 

Durante muito tempo, o local serviu de moradia e até que no final da década de 70 do Século XX foi transformado em museu de arte sacra, passando a ser mantido pela Fundação José Augusto. No mesmo período, o Solar Ferreiro Torto tombou e restaurou o antigo palacete colonial.

 

Na década de 80 do mesmo século, o prédio foi novamente reformado e adaptado para funcionar como sede do Poder Executivo Municipal. Desse modo, o Ferreiro Torto foi a sede da Prefeitura de Macaíba no período de 1983 a 1989.

 

Em seguida, o prédio foi transformado em museu municipal. Mas, pouco tempo depois foi fechado. O Solar foi reinaugurado no mês de abril de 2003, reunindo uma grande exposição de fotografias que retratam a História de Macaíba e de filhos ilustres que foram destaque na sociedade local.

 

Hoje, o local recebe visitas frequentes de pesquisadores de História e de Ciências Biológicas, grupos de estudantes, famílias e turistas em geral oriundos de várias partes do Estado, do país e do mundo. O Solar Ferreiro Torto é cercado por um trecho preservado de Mata Atlântica, vegetação típica da área litorânea do Brasil. Ao seu redor, existem diversas trilhas ecológicas que o visitante pode aproveitar, além de apreciar a vista do Rio Jundiaí. Portanto, o espaço é ideal para quem gosta de História e Meio Ambiente.

Texto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Imagens: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

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Instituto Santos Dumont (ISD)

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