Consumo de áudio e vídeos muda na quarentena e uso de fones requer cuidados

Publicado em 25 de maio de 2020
ISD alerta que uso inadequado traz riscos de infecção e até perda de audição

Renata Moura

Jornalista

Davi acorda todos os dias por volta das 6h30, toma café da manhã, pega caderno, livros, computador e os fones de ouvido. “Eu uso os fones para estudar, escutar música e jogar”, diz o menino, de 9 anos. Na plataforma virtual que passou a reunir atividades da escola – após a suspensão das aulas presenciais em decorrência do novo coronavírus – ele é orientado a ver parte do conteúdo em vídeo e a estar a postos às 9h, para videoconferência da turma com a professora. A avó está com o rádio ligado enquanto cozinha, o irmão mais novo assiste à TV na sala e a mãe trabalha costurando em outro cômodo.

A poucos quilômetros de distância, Ricky, professor de 35 anos e tio da criança, também está de fones. “Eu me sinto mais concentrado, porque ouço podcasts ou música ao mesmo tempo em que faço outras coisas em casa. Também uso para ter experiências mais imersivas jogando video game e, um dos fatores principais: para não atrapalhar a minha esposa, que está fazendo home office nesse período”.

Os dois natalenses ilustram mudanças de comportamento no consumo de áudio e vídeos registradas durante a quarentena – assim como a tendência de maior uso de fones de ouvido na América Latina, identificada em um relatório recente da consultoria americana Arizton, com projeções para o mercado no período de 2020 a 2025. 

Para usuários desse tipo de acessório, um alerta vem, entretanto, de pesquisas, autoridades de saúde e de preceptores e alunos da Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência oferecida pelo Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, do Instituto Santos Dumont (ISD): Um eventual uso inadequado traz riscos. 

A partir de informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), de estudos e guias online, a equipe chama a atenção para o perigo da exposição incorreta e prolongada a sons intensos, para a possibilidade de infecções com um eventual uso compartilhado e, ainda, para a importância de práticas de higienização, ensinando a como limpar corretamente fios, partes removíveis e outras áreas externas.

Clique aqui para acessar o vídeo no canal do ISD no YouTube ou aperte o play abaixo para assistir:

Fungos e bactérias

Um estudo publicado em 2017 pela faculdade de biomedicina da Devry Metrocamp, em Campinas (SP), dá pistas do porquê esse tipo de cuidado é importante. O estudo identificou até 10 mil fungos e bactérias em fones normalmente emprestados e que não passavam habitualmente por higienização. Em entrevistas a portais de notícias na época, os pesquisadores envolvidos frisaram que a contaminação pode causar de coceiras e micoses até meningite e perda de audição. 

No ano passado, a OMS reforçou o coro, frisando que aproximadamente metade da população com idade entre 12 e 35 anos – grupo formado por 1,1 bilhão de jovens – corre o risco de perda auditiva  em razão do uso prolongado e exposição excessiva a sons altos, incluindo a músicas que ouvem em dispositivos de áudio pessoais.

Ricky, professor citado no início do texto, diz estar atento à questão. “Eu sei que o uso prolongado em altos volumes causa danos e imagino que se eu passar muito tempo com o ouvido abafado pode trazer infecções. Então procuro não fazer isso. Também não empresto e faço a higienização com álcool isopropílico”, diz. Davi, usuário da internet e de jogos online sob supervisão de adultos da família, também afirma que a limpeza do acessório é hábito e que não compartilha os fones nem com o irmão, Fabrizio. O caçula usa o próprio dispositivo. 

Tio e sobrinho concordam que a rotina com precauções é fundamental especialmente agora, quando ambos admitem estar consumindo áudio e vídeos como nunca. Eles estão em meio ao batalhão de usuários que, por causa do isolamento imposto pela pandemia, deixaram de se deslocar para a escola ou o trabalho e tiveram, com isso, mudanças em horários e atividades no dia a dia.

Um levantamento do serviço de streaming de músicas Deezer, publicado em março, mostra que em vez do habitual horário de pico das 7h, o mundo agora dá o play em suas faixas preferidas entre 9h e 10h – assim como os natalenses. O estudo também aponta que a sexta-feira perdeu a liderança como dia da semana com maior reprodução de músicas e outros conteúdos. “Agora, pela primeira vez, todos os dias se comportam iguais”. Podcasts, playlists que ajudam a entreter as crianças, a fazer atividades físicas ou que refletem o humor do dia também têm ganhado cada vez mais a preferência do público em quarentena, segundo a plataforma.

Outra tendência foi apontada também em março no relatório Earphones and headphones market – global outlook and forecast 2020-2025, com perspectivas globais da consultoria americana Arizton para o mercado de fones de ouvido, e análises que englobam Brasil, México, Chile, Argentina, Colômbia e Peru entre outros países.

A análise mostra que com o aumento do número de dispositivos móveis e do acesso à internet na América Latina, a região vai se tornar líder em consumo de “streaming on-line” – universo que inclui desde plataformas como Deezer e Spotify até canais como Netflix e Amazon, por exemplo – e que é provável que o cenário favorável impulsione a demanda por fones de ouvido”.

Saiba Mais: ISD contra a Covid-19 e a Desinformação

O vídeo que alerta para os cuidados com o uso de fones de ouvido faz parte de um conjunto maior de ações educativas que o Instituto Santos Dumont, Organização Social vinculada ao Ministério da Educação, tem desenvolvido na pandemia. Por meio de canais como vídeos, cartilhas, folders e ilustrações as equipes mostram desde como identificar sintomas da Covid-19 até mudanças práticas em serviços do dia a dia, cuidados a serem adotados e atividades de integração e lazer para uma rotina saudável em tempos de quarentena. Os temas foram discutidos e os materiais têm sido elaborados em reuniões online com preceptores multiprofissionais e residentes das áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e serviço social, assim como professores e alunos do mestrado em neuroengenharia do Instituto. O objetivo do trabalho, segundo o ISD, é difundir informações verificadas e combater o avanço da desinformação nesse período. O Instituto Santos Dumont engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi - referência em reabilitação física, intelectual e auditiva no Rio Grande do Norte.

Texto:  Renata Moura / Ascom – ISD

Foto: Renata Moura / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

Organização Social que mantém vínculo com o Ministério da Educação (MEC) e cuja missão é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão e contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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A poucos quilômetros de distância, Ricky, professor de 35 anos e tio da criança, também está de fones. “Eu me sinto mais concentrado, porque ouço podcasts ou música ao mesmo tempo em que faço outras coisas em casa. Também uso para ter experiências mais imersivas jogando video game e, um dos fatores principais: para não atrapalhar a minha esposa, que está fazendo home office nesse período”.

Os dois natalenses ilustram mudanças de comportamento no consumo de áudio e vídeos registradas durante a quarentena – assim como a tendência de maior uso de fones de ouvido na América Latina, identificada em um relatório recente da consultoria americana Arizton, com projeções para o mercado no período de 2020 a 2025. 

Para usuários desse tipo de acessório, um alerta vem, entretanto, de pesquisas, autoridades de saúde e de preceptores e alunos da Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência oferecida pelo Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, do Instituto Santos Dumont (ISD): Um eventual uso inadequado traz riscos. 

A partir de informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), de estudos e guias online, a equipe chama a atenção para o perigo da exposição incorreta e prolongada a sons intensos, para a possibilidade de infecções com um eventual uso compartilhado e, ainda, para a importância de práticas de higienização, ensinando a como limpar corretamente fios, partes removíveis e outras áreas externas.

Clique aqui para acessar o vídeo no canal do ISD no YouTube ou aperte o play abaixo para assistir:

Fungos e bactérias

Um estudo publicado em 2017 pela faculdade de biomedicina da Devry Metrocamp, em Campinas (SP), dá pistas do porquê esse tipo de cuidado é importante. O estudo identificou até 10 mil fungos e bactérias em fones normalmente emprestados e que não passavam habitualmente por higienização. Em entrevistas a portais de notícias na época, os pesquisadores envolvidos frisaram que a contaminação pode causar de coceiras e micoses até meningite e perda de audição. 

No ano passado, a OMS reforçou o coro, frisando que aproximadamente metade da população com idade entre 12 e 35 anos – grupo formado por 1,1 bilhão de jovens – corre o risco de perda auditiva  em razão do uso prolongado e exposição excessiva a sons altos, incluindo a músicas que ouvem em dispositivos de áudio pessoais.

Ricky, professor citado no início do texto, diz estar atento à questão. “Eu sei que o uso prolongado em altos volumes causa danos e imagino que se eu passar muito tempo com o ouvido abafado pode trazer infecções. Então procuro não fazer isso. Também não empresto e faço a higienização com álcool isopropílico”, diz. Davi, usuário da internet e de jogos online sob supervisão de adultos da família, também afirma que a limpeza do acessório é hábito e que não compartilha os fones nem com o irmão, Fabrizio. O caçula usa o próprio dispositivo. 

Tio e sobrinho concordam que a rotina com precauções é fundamental especialmente agora, quando ambos admitem estar consumindo áudio e vídeos como nunca. Eles estão em meio ao batalhão de usuários que, por causa do isolamento imposto pela pandemia, deixaram de se deslocar para a escola ou o trabalho e tiveram, com isso, mudanças em horários e atividades no dia a dia.

Um levantamento do serviço de streaming de músicas Deezer, publicado em março, mostra que em vez do habitual horário de pico das 7h, o mundo agora dá o play em suas faixas preferidas entre 9h e 10h – assim como os natalenses. O estudo também aponta que a sexta-feira perdeu a liderança como dia da semana com maior reprodução de músicas e outros conteúdos. “Agora, pela primeira vez, todos os dias se comportam iguais”. Podcasts, playlists que ajudam a entreter as crianças, a fazer atividades físicas ou que refletem o humor do dia também têm ganhado cada vez mais a preferência do público em quarentena, segundo a plataforma.

Outra tendência foi apontada também em março no relatório Earphones and headphones market – global outlook and forecast 2020-2025, com perspectivas globais da consultoria americana Arizton para o mercado de fones de ouvido, e análises que englobam Brasil, México, Chile, Argentina, Colômbia e Peru entre outros países.

A análise mostra que com o aumento do número de dispositivos móveis e do acesso à internet na América Latina, a região vai se tornar líder em consumo de “streaming on-line” – universo que inclui desde plataformas como Deezer e Spotify até canais como Netflix e Amazon, por exemplo – e que é provável que o cenário favorável impulsione a demanda por fones de ouvido”.

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O vídeo que alerta para os cuidados com o uso de fones de ouvido faz parte de um conjunto maior de ações educativas que o Instituto Santos Dumont, Organização Social vinculada ao Ministério da Educação, tem desenvolvido na pandemia. Por meio de canais como vídeos, cartilhas, folders e ilustrações as equipes mostram desde como identificar sintomas da Covid-19 até mudanças práticas em serviços do dia a dia, cuidados a serem adotados e atividades de integração e lazer para uma rotina saudável em tempos de quarentena. Os temas foram discutidos e os materiais têm sido elaborados em reuniões online com preceptores multiprofissionais e residentes das áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e serviço social, assim como professores e alunos do mestrado em neuroengenharia do Instituto. O objetivo do trabalho, segundo o ISD, é difundir informações verificadas e combater o avanço da desinformação nesse período. O Instituto Santos Dumont engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi - referência em reabilitação física, intelectual e auditiva no Rio Grande do Norte.

Texto:  Renata Moura / Ascom – ISD

Foto: Renata Moura / Ascom – ISD

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