Dia Mundial de Proteção ao Aleitamento Materno aponta riscos no uso irrestrito de fórmulas infantis

Publicado em 19 de maio de 2022

Um dos momentos mais marcantes no pós-parto é a primeira mamada do recém-nascido, quando o vínculo entre mãe e filho começa a ficar ainda mais forte fora do ventre. O leite materno é o mais rico alimento que pode ser oferecido, e não necessita de complementação com chás, água ou outros itens, até os seis meses de vida do bebê. Entretanto, milhares de mães ao redor do mundo são desencorajadas a amamentar quando consideram que produzem pouco ou leite com baixa qualidade. O dia 21 de maio, data alusiva ao Dia Mundial de Proteção ao Aleitamento Materno, chama a atenção para os riscos que envolvem o uso indiscriminado de fórmulas infantis em substituição integral ao leite materno. Apesar dos inúmeros benefícios, no Brasil, o Aleitamento Materno Exclusivo (AME) não é prevalente entre as crianças abaixo dos 6 meses de vida.

 

Dados mais recentes publicados pelo Ministério da Saúde através do  Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), apontam que, no Brasil, 96,2% das crianças menores de dois anos foram alguma vez amamentadas, e 62,4% foram amamentadas ainda na primeira hora de vida. A prevalência de Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em menores de 6 meses foi de 45,8% no Brasil, com maior prevalência na região Sul (54,3%), seguida das regiões Sudeste (49,1%), Centro-Oeste (46,5%), Norte (40,3%) e Nordeste (39,0%), sem diferenças estatisticamente significativas entre as regiões. A prevalência de aleitamento materno continuado no primeiro ano de vida (entre crianças de 12 a 23 meses) no Brasil foi de 43,6%, sendo mais prevalente na região Nordeste (51,8%), seguida das regiões Norte (49,1%), Centro-Oeste (43,9%), Sudeste (38%) e Sul (37,8%). A duração mediana do AME foi de 3,0 meses e a do aleitamento materno foi de 15,9 meses.

 

O Estudo aponta, ainda, que “as prevalências de AME e de aleitamento materno continuado no primeiro ano de vida, embora expressivas, ainda estão aquém do preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), e uma grande proporção das crianças usava chupeta ou recebia alimentos por mamadeiras, o que pode prejudicar a continuidade do aleitamento materno”. 

 

“O leite materno dispensa o uso de fórmulas químicas. Além de manter o recém-nascido saciado, o ato de amamentar possibilita a criação de um elo ainda mais forte entre mãe e filho. Caso haja dificuldade no processo de amamentação, pode-se recorrer a alguma fórmula como meio de resgate, um plano paralelo para a intercorrência. Mas o leite materno deve ser priorizado, sempre”, destaca a preceptora ginecologista e obstetra do Instituto Santos Dumont (ISD), Thaíse Lopes. 

 

De acordo com a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (em inglês: International Baby Food Action Network – IBFAN), “amamentar é complexo e exige a construção de forte rede de apoio. Muitas mulheres relatam sucessivos atos de violência – muitos deles influenciados por vivências de insucessos – praticados por familiares e amigos, possivelmente não intencionais que desencorajam e condenam essa prática”.

 

A preceptora enfermeira do ISD, Monise Ponte, especialista em saúde materno-infantil, ressalta que a mudança dessa realidade pode ocorrer a partir de uma consulta puerperal, que deve acontecer logo após o parto. O retorno precoce para consulta no pós-parto pode ajudar a mãe a corrigir erros comuns na amamentação, como a pega e a posição mais adequada para o bebê garantir uma mamada eficaz. A primeira consulta deveria ocorrer até o décimo dia de vida da criança, mas nem sempre é possível em razão das condições pós-parto, acesso aos serviços de saúde e incompatibilidade de agenda com o profissional que a acompanhava a gestante no pré-natal. 

 

“Nós temos mulheres com grande potencial de produção láctea, com pega boa na mama pelo bebê. A introdução de fórmulas infantis ocorre mais, do meu ponto de vista, por questões culturais. Muitas mães introduzem o uso precoce de farináceos, e a falta de orientação prejudica ainda mais a alimentação saudável do bebê. Além da questão cultural, falta acesso à consulta puerperal na maior parte da rede vinculada ao Sistema Único de Saúde”, aponta.

 

O IBFAN condena o uso precoce de fórmulas infantis, bicos, chupetas e mamadeiras, com critérios duvidosos e o desrespeito pelas empresas produtoras desses itens ao Código Internacional de Comercialização de Alimentos Infantis, que neste ano completa 41 anos. “O desrespeito a esse Código e à Lei n. 11.265/2006 – NBCAL (Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras) resulta também na prática das mais graves violências contra a amamentação”, aponta a entidade. 

 

“O Código e a NBCAL contêm um conjunto de normas como forma de regulamentar as práticas de comercialização das indústrias dos substitutos do leite materno. Buscam a garantia do fornecimento de nutrição segura e adequada aos lactentes, através da proteção e promoção do aleitamento materno e assegurando o uso apropriado de seus substitutos, quando estes forem necessários, com base em informações adequadas e por meio de comercialização e de distribuição apropriadas”, complementa.

 

Preocupada com as ações de marketing abusivas relacionadas à oferta de fórmulas infantis em substituição à amamentação, nas Assembleias Mundiais de Saúde, a partir de 1981, passou a se ouvir o relato de preocupação de ministros e da sociedade civil, particularmente a IBFAN. Assim, as autoridades sanitárias dos países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) passaram a regulamentar a publicidade de práticas de comércio, de produtos que competem com a amamentação.

 

Banco de Leite Humano

 

O Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) precisa de doações. A necessidade diária para atendimento dos bebês prematuros da MEJC é em torno de 12 litros. Atualmente, em estoque, a instituição possui cerca de 50% dessa demanda.

 

O Banco de Leite Humano da  MEJC também processa e analisa o leite destinado às unidades de saúde privada no Rio Grande do Norte. 

 

Em 2021, foram coletados 2.756 litros através de 1.500 mulheres doadoras. No total, ocorreram cerca de 2.000 visitas domiciliares para coleta do leite. 

 

O Banco de Leite Humano da MEJC é referência no Rio Grande do Norte, sendo responsável pelo controle de qualidade e distribuição do leite materno para cerca de 80% dos recém-nascidos em situação de risco no território potiguar. 



Texto:  Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Foto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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Dados mais recentes publicados pelo Ministério da Saúde através do  Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), apontam que, no Brasil, 96,2% das crianças menores de dois anos foram alguma vez amamentadas, e 62,4% foram amamentadas ainda na primeira hora de vida. A prevalência de Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em menores de 6 meses foi de 45,8% no Brasil, com maior prevalência na região Sul (54,3%), seguida das regiões Sudeste (49,1%), Centro-Oeste (46,5%), Norte (40,3%) e Nordeste (39,0%), sem diferenças estatisticamente significativas entre as regiões. A prevalência de aleitamento materno continuado no primeiro ano de vida (entre crianças de 12 a 23 meses) no Brasil foi de 43,6%, sendo mais prevalente na região Nordeste (51,8%), seguida das regiões Norte (49,1%), Centro-Oeste (43,9%), Sudeste (38%) e Sul (37,8%). A duração mediana do AME foi de 3,0 meses e a do aleitamento materno foi de 15,9 meses.

 

O Estudo aponta, ainda, que “as prevalências de AME e de aleitamento materno continuado no primeiro ano de vida, embora expressivas, ainda estão aquém do preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), e uma grande proporção das crianças usava chupeta ou recebia alimentos por mamadeiras, o que pode prejudicar a continuidade do aleitamento materno”. 

 

“O leite materno dispensa o uso de fórmulas químicas. Além de manter o recém-nascido saciado, o ato de amamentar possibilita a criação de um elo ainda mais forte entre mãe e filho. Caso haja dificuldade no processo de amamentação, pode-se recorrer a alguma fórmula como meio de resgate, um plano paralelo para a intercorrência. Mas o leite materno deve ser priorizado, sempre”, destaca a preceptora ginecologista e obstetra do Instituto Santos Dumont (ISD), Thaíse Lopes. 

 

De acordo com a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (em inglês: International Baby Food Action Network – IBFAN), “amamentar é complexo e exige a construção de forte rede de apoio. Muitas mulheres relatam sucessivos atos de violência – muitos deles influenciados por vivências de insucessos – praticados por familiares e amigos, possivelmente não intencionais que desencorajam e condenam essa prática”.

 

A preceptora enfermeira do ISD, Monise Ponte, especialista em saúde materno-infantil, ressalta que a mudança dessa realidade pode ocorrer a partir de uma consulta puerperal, que deve acontecer logo após o parto. O retorno precoce para consulta no pós-parto pode ajudar a mãe a corrigir erros comuns na amamentação, como a pega e a posição mais adequada para o bebê garantir uma mamada eficaz. A primeira consulta deveria ocorrer até o décimo dia de vida da criança, mas nem sempre é possível em razão das condições pós-parto, acesso aos serviços de saúde e incompatibilidade de agenda com o profissional que a acompanhava a gestante no pré-natal. 

 

“Nós temos mulheres com grande potencial de produção láctea, com pega boa na mama pelo bebê. A introdução de fórmulas infantis ocorre mais, do meu ponto de vista, por questões culturais. Muitas mães introduzem o uso precoce de farináceos, e a falta de orientação prejudica ainda mais a alimentação saudável do bebê. Além da questão cultural, falta acesso à consulta puerperal na maior parte da rede vinculada ao Sistema Único de Saúde”, aponta.

 

O IBFAN condena o uso precoce de fórmulas infantis, bicos, chupetas e mamadeiras, com critérios duvidosos e o desrespeito pelas empresas produtoras desses itens ao Código Internacional de Comercialização de Alimentos Infantis, que neste ano completa 41 anos. “O desrespeito a esse Código e à Lei n. 11.265/2006 – NBCAL (Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras) resulta também na prática das mais graves violências contra a amamentação”, aponta a entidade. 

 

“O Código e a NBCAL contêm um conjunto de normas como forma de regulamentar as práticas de comercialização das indústrias dos substitutos do leite materno. Buscam a garantia do fornecimento de nutrição segura e adequada aos lactentes, através da proteção e promoção do aleitamento materno e assegurando o uso apropriado de seus substitutos, quando estes forem necessários, com base em informações adequadas e por meio de comercialização e de distribuição apropriadas”, complementa.

 

Preocupada com as ações de marketing abusivas relacionadas à oferta de fórmulas infantis em substituição à amamentação, nas Assembleias Mundiais de Saúde, a partir de 1981, passou a se ouvir o relato de preocupação de ministros e da sociedade civil, particularmente a IBFAN. Assim, as autoridades sanitárias dos países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) passaram a regulamentar a publicidade de práticas de comércio, de produtos que competem com a amamentação.

 

Banco de Leite Humano

 

O Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) precisa de doações. A necessidade diária para atendimento dos bebês prematuros da MEJC é em torno de 12 litros. Atualmente, em estoque, a instituição possui cerca de 50% dessa demanda.

 

O Banco de Leite Humano da  MEJC também processa e analisa o leite destinado às unidades de saúde privada no Rio Grande do Norte. 

 

Em 2021, foram coletados 2.756 litros através de 1.500 mulheres doadoras. No total, ocorreram cerca de 2.000 visitas domiciliares para coleta do leite. 

 

O Banco de Leite Humano da MEJC é referência no Rio Grande do Norte, sendo responsável pelo controle de qualidade e distribuição do leite materno para cerca de 80% dos recém-nascidos em situação de risco no território potiguar. 



Texto:  Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Foto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

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