O Rio Grande do Norte registra um dos piores índices de adesão à campanha vacinal contra a gripe neste ano, com 53% do público-alvo vacinado desde o início da ação, em abril. Conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN), pelo menos 1.295,751 pessoas devem receber o imunizante contra o vírus influenza no Estado, mas 692.511 tinham sido vacinadas até esta sexta-feira (16/07), conforme a pasta. A preceptora médica em Infectologia do Instituto Santos Dumont (ISD), Carolina Damásio Santos, chama atenção para o risco de uma gripe evoluir para uma doença mais grave pela ausência da imunização.
“Estamos todos tão preocupados com a covid que estamos esquecendo de doenças que já existem e que já enfrentam, ao longo dos anos, momentos de picos de casos. Se fala tanto em covid que estamos esquecendo de outras coisas que necessitam de prevenção. Estamos nos meses de inverno, quando temos a sazonalidade do vírus influenza, que é o vírus da gripe. Ele também pode causar uma doença respiratória grave, principalmente em grupos com comorbidades”, alerta Carolina Damásio Santos, infectologista do ISD, vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
Em decorrência da baixa procura ao longo da campanha vacinal aberta nacionalmente em abril deste ano, o Ministério da Saúde prorrogou o prazo de imunização contra a gripe por período indeterminado para todas as faixas etárias. Hoje, qualquer pessoa acima dos seis meses de idade pode receber o fármaco, aplicado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos municípios brasileiros. As doses serão disponibilizadas enquanto houver estoque e a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é de vacinar 90% do público-alvo, estimado em 79,7 milhões de pessoas.
Conforme a enfermeira do Programa Estadual de Imunizações da Sesap/RN, Katiuscia Rosely, a baixa adesão à campanha vacinal contra a gripe no Estado chama atenção. “Estou desde 2017 no Programa de Imunizações e nunca tinha visto uma situação como essa. No ano passado, nós atingimos 96% do público-alvo. Hoje, só temos 53% e fazemos um apelo para as pessoas irem se vacinar contra a gripe, principalmente aquelas nos grupos de risco para a doença”, alerta a gestora.
Proteção contra a covid-19
O artigo científico intitulado “Impact of the influenza vaccine on COVID-19 infection rates and severity” publicado no American Journal of Infection Control (www.ajicjournal.org), em fevereiro deste ano, revela que os cientistas analisaram 27 mil pacientes que receberam testes laboratoriais para a covid-19.
Entre aqueles que tomaram a vacina contra a gripe, o risco de infecção pelo novo coronavírus é menor em relação aos que não foram imunizados contra a influenza. Além disso, entre os pacientes que testaram positivo mesmo com a vacina contra a gripe em dia, as chances de desenvolvimento de sintomatologia mais grave da covid-19, com necessidade de internação e ventilação mecânica, por exemplo, são menores.
Os cinco cientistas que assinam a publicação concluíram que a “vacinação contra a influenza está associada à queda da testagem positiva para a covid-19, além de melhores resultados clínicos, e deve ser promovida para a redução da carga da covid-19”.
“Mais um ponto positivo para nos vacinarmos contra a gripe neste momento no Brasil. Como nós não temos vacina suficiente contra a covid-19, muita gente tem somente a primeira dose, estar vacinado contra a gripe além de proteger contra o vírus influenza poderia aumentar também a nossa imunidade contra a covid-19”, ressalta a infectologista Carolina Damásio Santos.
Ela relembra que o prazo de aplicação da vacina da gripe a da covid-19 deve respeitar o tempo mínimo de 14 dias entre uma e outra. “A vacina da influenza não contém vírus vivo. Logo, não teremos gripe tomando essa vacina. Os efeitos colaterais poderão acontecer, mas eles duram menos de 24h e ocorrem numa proporção bem menor do que ocorre com a vacina da covid”, complementa Carolina Damásio Santos.
Para quem ainda não tomou a vacina contra a gripe, ela faz um alerta. “Procure tomar a vacina o mais rápido possível. Nós estamos nos meses de inverno, com a influenza circulando, temos diagnosticado quadros gripais nos pronto-socorros, com alguns pacientes com pneumonia. Estamos com vacina contra a gripe disponível, estamos no meio de uma pandemia, e precisamos aumentar a nossa imunidade. A gripe pode evoluir e levar adultos e crianças asmáticas à hospitalização e à morte em pacientes que têm fatores de risco”, declara a preceptora do ISD.
Óbitos
No Rio Grande do Norte, de 1º de janeiro até esta sexta-feira (16/07), pelo menos 1.963 pessoas morreram por doenças ligadas ao sistema respiratório, sendo 590 por insuficiência respiratória, 1.267 por pneumonia e 106 por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os dados são do portal de Transparência do Registro Civil da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN Brasil).
Texto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD
Foto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD
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Instituto Santos Dumont (ISD)
É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.