Lar adaptado: veja como tornar sua casa mais segura para idosos e pessoas com Parkinson

Publicado em 7 de dezembro de 2022

As quedas são motivos de preocupação em lares com pessoas idosas e, por questões fisiológicas, são também bastante comuns nessa faixa etária. De acordo com o Ministério da Saúde, com dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, a estimativa entre idosos com 80 anos ou mais é que 40% sofram quedas todos os anos. Para idosos com a doença de Parkinson, as ocorrências podem ser ainda mais frequentes, devido a fatores como desequilíbrio, dificuldade na marcha e tremores. Para evitar maiores consequências na integridade e saúde desse público, algumas ações simples podem ser adotadas no dia-a-dia.

 

Buscando disseminar essas medidas e orientar sobre como implementá-las, o Instituto Santos Dumont (ISD) promoveu o evento “Educa Parkinson”, reunindo usuários com Parkinson e seus familiares. Na ocasião, a discussão abordou a adaptação dos lares de pessoas com Parkinson, com foco no autogerenciamento.

 

O autogerenciamento, de acordo com Fábio Galvão, Preceptor Terapeuta Ocupacional do ISD, faz parte de um conjunto de estratégias utilizadas no serviço de saúde que visa a estimular a autonomia dos idosos com a doença em tarefas do dia a dia, além de viabilizar uma utilização segura da casa. 

 

“O que indicamos são adaptações simples, mas necessárias, que podem evitar acidentes. O ideal é que seja possível aplicar essas dicas em conjunto com o profissional fisioterapeuta, para uma análise do que é possível adaptar com baixo ou nenhum custo”, explica Fábio. 

 

O objetivo das dicas, que reforçam a autonomia nas tarefas, é de que, aos poucos, não haja tanta dependência do cuidador ou da família. “A doença de Parkinson é degenerativa – em um momento avançado o paciente pode estar totalmente dependente da família. Mas, adotando essas práticas de autogerenciamento e com exercícios na reabilitação, é possível retardar um pouco o agravamento dos sintomas”, explica Fábio. 

 

Confira algumas dicas de adaptação do lar:

 

Tapete

O tapete pode ser um dos principais obstáculos para o idoso. Se não puder ser retirado, o ideal é trocá-lo por tapetes antiderrapantes. Quando isso não é possível, pode ser aplicada uma fita dupla face na base do tapete, para que ele fique fixado no chão e não escorregue.

 

Banheiro

Se a pessoa com Parkinson apresenta problemas de equilíbrio, recomenda-se que tome o banho sentado, colocando os objetos necessários próximos e na altura e distância adequadas. Quando possível, implementar barras de suporte próximas aos vasos sanitários, para que o usuário se segure na hora de levantar ou sentar. 

 

Armários

Os armários devem ficar na altura da pessoa com Parkinson, evitando que ela precise se “esticar” ou ficar na ponta dos pés para alcançar algum objeto. 

 

Ambientação 

Deixar os cômodos bem iluminados, para que a pessoa consiga enxergar o ambiente e saiba onde estão os principais obstáculos. Evitar deixar fios, brinquedos e outros objetos espalhados no chão – eles podem causar tropeços e quedas.

 

Escadas

Quando possível, implementar corrimãos nos dois lados, para auxiliar na subida e descida da pessoa com Parkinson.

 

 

A adaptação para além do material

Além dos sintomas físicos da doença de Parkinson, familiares e cuidadores devem estar atentos a outros aspectos que necessitam de um processo de adaptação coletivo. Segundo Joísa Araújo, Preceptora Neuropsicóloga do ISD, a adaptação psicológica do idoso diagnosticado com a doença é também essencial e pode evitar o agravamento acelerado da doença. 

 

“O diagnóstico de Parkinson pode ser muito impactante quando a pessoa começa a se dar conta de que podem surgir limitações para a independência e a autonomia. Muitas vezes o diagnóstico pode trazer um isolamento e, enquanto equipe profissional que pensa no cuidado centrado na família, é necessário buscar que a pessoa o evite, que ela busque a socialização”, explica.

 

A socialização é, segundo a neuropsicóloga, um fator de neuroproteção, principalmente para evitar ou desacelerar quadros secundários, como a demência, e é uma das principais estratégias de prevenção do agravamento de sintomas psíquicos. 

 

Nos casos em que a doença esteja em um nível avançado o suficiente para causar dificuldade de funcionamento executivo, isto é, de planejar ações, conseguir cumprir objetivos, ou em que o paciente apresenta respostas mais lentas, a área da neuropsicologia é a ideal para a construção de estratégias junto à família e ao paciente. Elas são práticas de estimulação ou reabilitação neuropsicológica por meio de, por exemplo, exercícios e estruturação de rotinas.

 

Uma estratégia específica em relação a sintomas cognitivos é a prática da “orientação da realidade”. Joísa cita como exemplo a realização de atividades em datas festivas, como o Natal. “Para um paciente mais comprometido, é uma referência de tempo ligada a uma data relevante que já traz à tona uma associação de memórias específicas, que vão contribuir com esse processo da reabilitação cognitiva”, explica.

 

Cuidado coletivo

A socialização é também estratégia para o controle da ansiedade e para prevenir sintomas depressivos, muito associados ao isolamento e à sensação de inutilidade. Colocar a pessoa como protagonista, com voz, em espaços coletivos, fazer com que o paciente pense em estratégias junto ao profissional de saúde, são elementos que fazem parte do manejo terapêutico da pessoa com Parkinson – assim como a reabilitação física e a adaptação de espaços. 

 

Para Domingos de Azevedo Cabral, usuário da linha de cuidado de Doença de Parkinson do Centro Especializado em Reabilitação do ISD (CER ISD), os momentos de dialogar, interagir e trocar experiências com outras famílias e pessoas com Parkinson são fatores motivadores. 

 

Domingos está em processo de adaptação do próprio lar, com ajuda da família. Ainda assim, não considera que as principais dificuldades estão relacionadas a esse processo, mas em fazer as pessoas entenderem as diversas necessidades entre idosos com Parkinson.

 

“Nem todas as famílias entendem o que é necessário. Por isso, uma das coisas mais importantes é essa interação entre nós parkinsonianos e as famílias. Pra mim, meu tratamento começa em casa, quando lembro que vamos ter um desses momentos de socialização. Isso transforma o íntimo da gente, porque a doença não é só do corpo, é da alma também”, reflete Domingos.  

 

Texto: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Foto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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Buscando disseminar essas medidas e orientar sobre como implementá-las, o Instituto Santos Dumont (ISD) promoveu o evento “Educa Parkinson”, reunindo usuários com Parkinson e seus familiares. Na ocasião, a discussão abordou a adaptação dos lares de pessoas com Parkinson, com foco no autogerenciamento.

 

O autogerenciamento, de acordo com Fábio Galvão, Preceptor Terapeuta Ocupacional do ISD, faz parte de um conjunto de estratégias utilizadas no serviço de saúde que visa a estimular a autonomia dos idosos com a doença em tarefas do dia a dia, além de viabilizar uma utilização segura da casa. 

 

“O que indicamos são adaptações simples, mas necessárias, que podem evitar acidentes. O ideal é que seja possível aplicar essas dicas em conjunto com o profissional fisioterapeuta, para uma análise do que é possível adaptar com baixo ou nenhum custo”, explica Fábio. 

 

O objetivo das dicas, que reforçam a autonomia nas tarefas, é de que, aos poucos, não haja tanta dependência do cuidador ou da família. “A doença de Parkinson é degenerativa – em um momento avançado o paciente pode estar totalmente dependente da família. Mas, adotando essas práticas de autogerenciamento e com exercícios na reabilitação, é possível retardar um pouco o agravamento dos sintomas”, explica Fábio. 

 

Confira algumas dicas de adaptação do lar:

 

Tapete

O tapete pode ser um dos principais obstáculos para o idoso. Se não puder ser retirado, o ideal é trocá-lo por tapetes antiderrapantes. Quando isso não é possível, pode ser aplicada uma fita dupla face na base do tapete, para que ele fique fixado no chão e não escorregue.

 

Banheiro

Se a pessoa com Parkinson apresenta problemas de equilíbrio, recomenda-se que tome o banho sentado, colocando os objetos necessários próximos e na altura e distância adequadas. Quando possível, implementar barras de suporte próximas aos vasos sanitários, para que o usuário se segure na hora de levantar ou sentar. 

 

Armários

Os armários devem ficar na altura da pessoa com Parkinson, evitando que ela precise se “esticar” ou ficar na ponta dos pés para alcançar algum objeto. 

 

Ambientação 

Deixar os cômodos bem iluminados, para que a pessoa consiga enxergar o ambiente e saiba onde estão os principais obstáculos. Evitar deixar fios, brinquedos e outros objetos espalhados no chão – eles podem causar tropeços e quedas.

 

Escadas

Quando possível, implementar corrimãos nos dois lados, para auxiliar na subida e descida da pessoa com Parkinson.

 

 

A adaptação para além do material

Além dos sintomas físicos da doença de Parkinson, familiares e cuidadores devem estar atentos a outros aspectos que necessitam de um processo de adaptação coletivo. Segundo Joísa Araújo, Preceptora Neuropsicóloga do ISD, a adaptação psicológica do idoso diagnosticado com a doença é também essencial e pode evitar o agravamento acelerado da doença. 

 

“O diagnóstico de Parkinson pode ser muito impactante quando a pessoa começa a se dar conta de que podem surgir limitações para a independência e a autonomia. Muitas vezes o diagnóstico pode trazer um isolamento e, enquanto equipe profissional que pensa no cuidado centrado na família, é necessário buscar que a pessoa o evite, que ela busque a socialização”, explica.

 

A socialização é, segundo a neuropsicóloga, um fator de neuroproteção, principalmente para evitar ou desacelerar quadros secundários, como a demência, e é uma das principais estratégias de prevenção do agravamento de sintomas psíquicos. 

 

Nos casos em que a doença esteja em um nível avançado o suficiente para causar dificuldade de funcionamento executivo, isto é, de planejar ações, conseguir cumprir objetivos, ou em que o paciente apresenta respostas mais lentas, a área da neuropsicologia é a ideal para a construção de estratégias junto à família e ao paciente. Elas são práticas de estimulação ou reabilitação neuropsicológica por meio de, por exemplo, exercícios e estruturação de rotinas.

 

Uma estratégia específica em relação a sintomas cognitivos é a prática da “orientação da realidade”. Joísa cita como exemplo a realização de atividades em datas festivas, como o Natal. “Para um paciente mais comprometido, é uma referência de tempo ligada a uma data relevante que já traz à tona uma associação de memórias específicas, que vão contribuir com esse processo da reabilitação cognitiva”, explica.

 

Cuidado coletivo

A socialização é também estratégia para o controle da ansiedade e para prevenir sintomas depressivos, muito associados ao isolamento e à sensação de inutilidade. Colocar a pessoa como protagonista, com voz, em espaços coletivos, fazer com que o paciente pense em estratégias junto ao profissional de saúde, são elementos que fazem parte do manejo terapêutico da pessoa com Parkinson – assim como a reabilitação física e a adaptação de espaços. 

 

Para Domingos de Azevedo Cabral, usuário da linha de cuidado de Doença de Parkinson do Centro Especializado em Reabilitação do ISD (CER ISD), os momentos de dialogar, interagir e trocar experiências com outras famílias e pessoas com Parkinson são fatores motivadores. 

 

Domingos está em processo de adaptação do próprio lar, com ajuda da família. Ainda assim, não considera que as principais dificuldades estão relacionadas a esse processo, mas em fazer as pessoas entenderem as diversas necessidades entre idosos com Parkinson.

 

“Nem todas as famílias entendem o que é necessário. Por isso, uma das coisas mais importantes é essa interação entre nós parkinsonianos e as famílias. Pra mim, meu tratamento começa em casa, quando lembro que vamos ter um desses momentos de socialização. Isso transforma o íntimo da gente, porque a doença não é só do corpo, é da alma também”, reflete Domingos.  

 

Texto: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Foto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

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É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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