Os olhares atentos e curiosos marcaram a Feira de Ciências e Mostras Científicas do Instituto Santos Dumont (ISD), realizada entre os dias 22 e 24 de outubro no Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), em Macaíba/RN. Cerca de 2 mil crianças e adolescentes participaram da apresentação de trabalhos científicos e das oficinas temáticas, que abriram as portas para um mundo de novas descobertas.
Este ano, a Feira de Ciências e Mostras Científicas recebeu estudantes de escolas públicas e privadas de diversos municípios potiguares, como Macaíba, Parnamirim, Itajá e Alto do Rodrigues – a cerca de 200 quilômetros do local do evento. O espaço proporcionou uma oportunidade para os visitantes vivenciarem novas experiências fora da sala de aula e compartilharem as suas realidades, com mais de 140 trabalhos apresentados nos três dias de evento.
A estudante Vanuza Sofia, da Escola Municipal Felix Antônio, de Alto do Rodrigues, levou para a Feira o trabalho intitulado “Planeta Água: Culturas de Mar e Rio”, que discute o convívio entre comunidades ribeirinhas e o Rio Piranhas-Açu. O rio atravessa a cidade e enfrenta problemas de poluição devido ao descarte incorreto de dejetos em suas águas. “O rio é muito importante para a nossa comunidade. É dele que sai a água e os peixes que consumimos. Se o rio não for bem cuidado, nós e o ecossistema que depende dele seremos prejudicados”, afirmou.
Representando a Escola Municipal Libânia Lopes Pessoa, de Itajá, os pequenos Pedro, Vitor e Davi demonstraram como ocorre o ciclo de produção do tijolo de barro, desde a obtenção da matéria-prima ao produto final. A cerâmica é um dos alicerces da cadeia produtiva do município de Itajá. “O nosso trabalho mostra como a força do fogo pode transformar o barro em um tijolo que vai construir quartos, banheiros e casas”, explicou Pedro.
Feira de Ciências discute inclusão e acessibilidade
O desenvolvimento de novas tecnologias que promovam a acessibilidade de pessoas com deficiência também ganhou destaque na edição de 2025 da Feira de Ciências e Mostras Científicas do ISD. Um exemplo disso foi o trabalho apresentado pelo estudante do IFRN Campus Parnamirim, Caio Targino, que objetiva desenvolver uma tecnologia de baixo custo para motorizar cadeiras de rodas convencionais.
O projeto ganhou o nome de ‘Cariri’ e foi premiado como trabalho destaque no primeiro dia de exposições. “Uma cadeira de rodas motorizada tem um custo muito elevado atualmente, o que impossibilita a compra desses equipamentos por muitas pessoas. O que pretendemos é desenvolver uma tecnologia que possa baratear esse custo, ampliando o acesso às cadeiras motorizadas e garantindo melhor qualidade de vida para pessoas com deficiência”.
Já os estudantes Pedro Miguel, David Enzo e Luiz Wendel, do Centro Estadual de Educação Profissional Professora Lourdinha Guerra, em Parnamirim, ampliaram a acessibilidade ao apresentar um experimento químico com tradução em Libras. “Na nossa escola, a gente tem muitos alunos surdos. Nós aprendemos Libras para conseguir se comunicar com eles e garantir que eles façam parte da comunidade escolar”.
Um mergulho na ciência
A Feira de Ciências e Mostras Científicas do ISD integrou a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio do Ministério da Educação (MEC), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
A programação também incluiu oficinas temáticas que exploraram o tema central da SNCT: “Planeta Água: Cultura Oceânica para Enfrentar as Mudanças Climáticas no meu Território”. Entre as atividades, destacou-se uma experiência de realidade virtual com o equipamento Zero G, que simulava a gravidade zero e permitia aos visitantes “mergulhar” no fundo do oceano. Com o uso de óculos de realidade virtual, crianças e adolescentes puderam nadar entre tubarões, tartarugas e peixes coloridos, numa vivência que uniu ciência, tecnologia e imaginação.
“A oficina proporcionou uma experiência imersiva, associando tecnologia com educação e atividades sensoriais com feedback visual”, resumiu a mestranda do Programa de Pós-Graduação do ISD, Willyene Ferreira.
As experiências propostas na Feira buscaram despertar o olhar científico por meio da curiosidade e da vivência prática. Mais do que um evento de exposição, a Feira se consolidou como um ambiente de aprendizado colaborativo, em que estudantes e professores puderam trocar ideias, testar hipóteses e fortalecer o interesse pela investigação científica.
Ciência além dos muros
Idealizada para ampliar o alcance das ações de popularização da ciência, a Feira de Ciências e Mostras Científicas do ISD tem como objetivo aproximar a ciência de comunidades que muitas vezes não têm acesso a recursos tecnológicos avançados. Ao abrir suas instalações para escolas de diversas regiões, o ISD reafirma seu compromisso com a formação integral de jovens e com a disseminação do conhecimento científico como ferramenta de transformação social.
“Esse é um evento que, além de impactar a perspectiva e a rotina das crianças e adolescentes, consegue unir várias áreas de atuação e vários setores da instituição e trazer escolas da rede pública e privada para uma experiência científica enriquecedora. Para o próximo ano, esperamos ampliar ainda mais a participação”, pontua Andressa Radiske, uma das professoras coordenadoras do evento.
Sobre o ISD
O Instituto Santos Dumont é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.
