Mestranda do ISD é aprovada em doutorado nos Estados Unidos

Publicado em 23 de abril de 2024

A mossoroense Anna Karoline Almeida está prestes a realizar um sonho: fazer pesquisa científica fora do país. Ela foi recentemente aprovada em um programa de doutorado da University of South Florida (USF), nos Estados Unidos, onde dará continuidade ao estudo de desenvolvimento da linguagem em crianças atípicas e típicas iniciado durante o mestrado em neuroengenharia, realizado no Instituto Santos Dumont (ISD), em Macaíba/RN.

A pesquisa em desenvolvimento relaciona a dificuldade de comunicação com a hiperatividade cerebral de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Anna quer entender se a redução dessa atividade exacerbada do cérebro pode contribuir com o desenvolvimento da linguagem em pessoas atípicas. Para isso, ela usa um processo de estimulação cerebral não-invasivo, chamado de neuroestimulação, para diminuir a hiperatividade enquanto aplica um conjunto de técnicas de estimulação da linguagem.

“As crianças com TEA costumam ser muito agitadas. Em muitos casos, uma característica comum é a dificuldade que elas têm de se comunicar verbalmente, de fazer contato visual. Isso acontece devido ao excesso de informação que chega no cérebro delas. O que estamos propondo é usar a neuroestimulação para reduzir essa carga de atividade cerebral e aplicar métodos de desenvolvimento da linguagem para auxiliar no processo comunicativo da criança”, explica a pesquisadora.

Durante o estudo, são colocados eletrodos externos em áreas da cabeça da criança. A neuroestimulação acontece por cerca de 20 minutos, ao longo de 15 dias de experimento. Nesse período, enquanto os testes são realizados, as crianças fazem atividades controladas de leitura e conversação. O objetivo é entender se, ao longo do processo, há melhora no aspecto comunicativo geral do paciente.

Segundo Anna, até o momento, os resultados da pesquisa são promissores. “Aplicamos um questionário ao fim de cada sessão com os pais. E as respostas indicam que eles notam evolução das crianças em vários aspectos: melhora na qualidade do sono; melhoras fisiológicas; no desenvolvimento da linguagem, especialmente a não-verbal, e na comunicação. Temos vários relatos nesse sentido, mas temos que aguardar o final da pesquisa para checar todos os resultados”, afirma.

Anna é formada em fonoaudiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e começou a se interessar pelo estudo da linguagem após a sua avó sofrer um acidente vascular encefálico (AVE), que a deixou com sequelas na fala. “Após o AVE, minha avó desenvolveu uma afasia (dificuldade na compreensão e expressão verbal) e precisou do suporte de uma fonoaudióloga na reabilitação da fala. Foi aí que entendi a importância da fono nesse processo de estimulação da linguagem”, conta.

Durante o mestrado em neuroengenharia, Anna percebeu que a estimulação da linguagem pode ser realizada de múltiplas formas: em pessoas que se recuperam de problemas neurológicos, como a sua avó; em crianças atípicas, como as que estão no espectro autista; e também em crianças típicas que possuem dificuldades em algum aspecto do desenvolvimento inicial de fala e linguagem.

Esse último ponto será o mote para o estudo que a pesquisadora quer desenvolver durante o doutorado, nos Estados Unidos. Ela pretende trabalhar com crianças atípicas e típicas bilíngues, da comunidade latina residente na Flórida, que têm dificuldade em se comunicar em inglês e espanhol. “Lá na USF, eles não trabalham com o TEA, mas com crianças que têm dificuldade no início do processo de aprendizagem da linguagem. Então, vou trabalhar com os distúrbios da linguagem em crianças expostas ao bilinguismo e que têm atrasos no desenvolvimento da comunicação”.

A pesquisadora deve se mudar para os Estados Unidos em agosto. A previsão é que o doutorado na Flórida dure entre quatro e cinco anos. Após esse período, Anna espera voltar ao Brasil para aplicar os resultados práticos de sua pesquisa. “O ISD me ensinou muito e me abriu portas para o mundo. Eu espero que, com o doutorado, a gente consiga ter uma melhor perspectiva sobre o desenvolvimento da linguagem em crianças e que possamos igualar desigualdades que existem no desenvolvimento infantil”.

Mestrado em neuroengenharia do ISD

Primeiro programa reconhecido pelo Ministério da Educação nesta área de conhecimento no Brasil, o Mestrado em Neuroengenharia do ISD busca formar profissionais com um olhar ampliado, articulando as neurociências com a engenharia. Esse futuro pesquisador deve ser competente nos planos científico, político, ético e social, além de desenvolver a capacidade de trabalhar em equipes inter e multidisciplinares.

O tema central do curso é a neuroengenharia, uma área de pesquisa interdisciplinar que integra métodos de neurociências e de engenharia para estudar o funcionamento do sistema nervoso e desenvolver soluções para as limitações e disfunções associadas a esse sistema. A estrutura do Programa foi idealizada para transpor as barreiras existentes entre as graduações em exatas, biológicas e humanas. O mestrado do ISD é gratuito e possui a duração de 24 meses.

Sobre o ISD

O Instituto Santos Dumont (ISD) é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

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