Pesquisas de mestrado em Neuroengenharia aprofundam teorias científicas e propõem tecnologias assistivas para pessoa com deficiência

Publicado em 9 de setembro de 2025

O Instituto Santos Dumont (ISD) encerrou mais um ciclo formativo em seu Programa de Pós-graduação em Neuroengenharia. Novos profissionais receberam o título de mestrado com pesquisas bem sucedidas em diversos eixos teóricos, que buscaram aprofundar teorias consolidadas na literatura científica, desenvolver tecnologias de apoio à pessoa com deficiência e inovar ferramentas utilizadas na reabilitação. 

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a instituição oferece há 12 anos o Mestrado em Neuroengenharia, curso  pioneiro nesta área no Brasil, que tem como objetivo unir, de maneira interdisciplinar, a pesquisa científica às necessidades reais de pessoas com deficiências causadas por lesões e patologias neurológicas. 

Os trabalhos de conclusão de mestrado são divididos, de forma geral, em quatro eixos: pesquisa básica, que acontece primordialmente nas bancadas do laboratório e buscam responder questionamentos vigentes em áreas científicas específicas; pesquisa clínica, voltada para a atuação mais direta com o ambiente de saúde; pesquisas translacionais, que levam o conhecimento da teoria à aplicação prática; e pesquisas computacionais. 

Envelhecimento, cognição e memória

 

Da esq. para a dir.: Deyvisom, Airton, Mateus, Giovanna e Wellydo

No campo da pesquisa básica, o engenheiro biomédico Deyvisom Dantas estudou a reorganização tálamo-cortical, processo presente principalmente em casos de lesões e traumas. Especificamente, o mestrando estudou as mudanças nos padrões cerebrais em caso de amputação de um membro superior, com resultados que reforçam a capacidade de transformação do cérebro através de mecanismos funcionais e moleculares que podem impulsionar a recuperação de funções perdidas.

Um aspecto cortical diferente foi base para o mestrado do biólogo Airton Andrade: a busca por recompensas e o comportamento de vício. O estudo analisou a busca do cérebro por sensações de prazer e satisfação, relacionando-a à aquisição de memórias. Os resultados apontam caminhos para futuras intervenções em memórias associadas a vícios e comportamentos compulsivos.

Também na área da memória, o psicólogo Mateus Villarroel investigou o efeito de informações prévias sobre um determinado ambiente na aquisição de memórias, especificamente buscando entender se o conhecimento sobre um local poderia acelerar o aprendizado, a capacidade de navegação e a formação de uma preferência por aquele espaço. Os achados contribuem para um maior entendimento sobre como o cérebro utiliza informações contextuais para otimizar a navegação em ambientes dinâmicos e naturais, além de proporcionar uma base para estudos sobre o aprendizado em tarefas complexas.

No tema da investigação de áreas específicas do cérebro, a psicóloga Giovanna Oliveira estudou os efeitos da exposição prolongada a estímulos físicos e cognitivos no desempenho de tarefas relacionadas à memória e à ansiedade. O estudo realça a importância de ampliar a nossa compreensão científica sobre como o ambiente molda o comportamento e a saúde mental.

Encerrando o ciclo de pesquisas básicas, o biomédico Wellydo Escarião teve como objetivo em sua pesquisa de mestrado investigar como partes do cérebro se modificam com a idade em áreas ligadas à memória e aprendizado. Os resultados contribuem para aprofundar a compreensão sobre como funciona nosso corpo durante o envelhecimento, fortalecendo uma base para o desenvolvimento de estratégias clínicas e farmacológicas que visem preservar as funções cognitivas ao longo da vida.

Conhecimento computacional voltado para a saúde

Gustavo Maciel e Liohana Silva

No campo das tecnologias feitas com base em estudos computacionais para fins de reabilitação, o analista e desenvolvedor de sistemas Gustavo Maciel idealizou uma ferramenta toolbox (tipo de software que reúne diversas funcionalidades), Artemis, a partir de código aberto, escalável e flexível às necessidades dos usuários. A tecnologia permite a extração e análise de dados baseados em coordenadas espaciais, facilitando os estudos em neurociências comportamentais e o desenvolvimento de eventuais aparatos no cenário da reabilitação. 

Já a engenheira biomédica Liohana Silva desenvolveu uma interface cérebro-computador (ICC), que viabiliza a comunicação entre o cérebro e uma máquina, voltada para o treinamento de comunicação verbal a partir da escuta e imaginação de músicas. A pesquisa reforça que a música, aliada à tecnologia, pode ser uma ferramenta viável para a reabilitação e treinos de comunicação alternativa.

Inovação para reabilitação e qualidade de vida

Da esq. para a dir.: Cícera, Priscila, Conceição e Iasmim

No campo das pesquisas translacionais, a psicóloga Cícera Bruna explorou a união entre moda e tecnologia para promover autonomia e dignidade no ato de escolher e usar roupas. O estudo investigou a viabilidade de um protótipo de sutiã assistivo para mulheres com deficiência motora, desenvolvido a partir de uma metodologia centrada no usuário e apoiada em literatura científica sobre moda e ergonomia. A pesquisa incluiu materiais adaptáveis como lycra e sistemas de fecho magnético, permitindo a manipulação com apenas uma mão. A proposta é um futuro em que tecnologias vestíveis contribuam para o conforto, autoestima e independência de pessoas com deficiência.

Também guiada por necessidades práticas diárias, a terapeuta ocupacional Priscila Barbosa desenvolveu um protótipo de aplicativo móvel voltado para cuidadores de pessoas com Doença de Parkinson. A ferramenta reúne três áreas principais intituladas “Cuidando do Meu Familiar”, “Primeiros Socorros” e “Cuidando do Cuidador”, oferecendo vídeos explicativos, dicas e estratégias para o cuidado e orientações para o autocuidado do próprio cuidador. O estudo evidencia o potencial da tecnologia para melhorar a qualidade de vida das famílias e fortalecer a atenção domiciliar.

Na linha de pesquisas clínicas, a terapeuta ocupacional Conceição Melo investigou o funcionamento e a oxigenação da bexiga utilizando a espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS), técnica não invasiva que monitora substâncias no corpo humano. O foco da pesquisa foi a observação de níveis dos níveis de oxi-hemoglobina e desoxi-hemoglobina no músculo detrusor, responsável pelo armazenamento e esvaziamento da urina. Os resultados revelaram alterações significativas associadas aos desejos miccionais e reforçam o potencial do NIRS para diagnósticos e intervenções em disfunções como a bexiga neurogênica.

Também no âmbito da neuroengenharia aplicada à saúde, a fisioterapeuta Iasmim Alves avaliou protocolos combinados de estimulação elétrica, não invasiva e semi-invasiva, associados ao treino de marcha para reabilitação de pessoas com lesão medular espinal (LME). Os achados indicam que a combinação de estimulação elétrica e treino locomotor atenua efeitos severos da LME, preservando a estrutura celular e favorecendo a recuperação da marcha; além disso, confirmam a relevância dessas abordagens para a construção de protocolos futuros de reabilitação motora e funcional.

Com o fechamento de mais um período de defesas de mestrado, os estudos conduzidos no ISD reafirmam o caráter interdisciplinar do Mestrado em Neuroengenharia e evidenciam como a integração entre ciência, tecnologia e necessidades sociais pode gerar soluções inovadoras para promover saúde, autonomia e qualidade de vida.

Sobre o ISD

O Instituto Santos Dumont (ISD) é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Compartilhe esta notícia

Recomendados

Mais Notícias

Pesquisas de mestrado em Neuroengenharia aprofundam teorias científicas e propõem tecnologias assistivas para pessoa com deficiência

O Instituto Santos Dumont (ISD) encerrou mais um ciclo formativo em seu Programa de Pós-graduação em Neuroengenharia. Novos profissionais receberam o título de mestrado com pesquisas bem sucedidas em diversos eixos teóricos, que buscaram aprofundar teorias consolidadas na literatura científica, desenvolver tecnologias de apoio à pessoa com deficiência e inovar ferramentas utilizadas na reabilitação. 

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a instituição oferece há 12 anos o Mestrado em Neuroengenharia, curso  pioneiro nesta área no Brasil, que tem como objetivo unir, de maneira interdisciplinar, a pesquisa científica às necessidades reais de pessoas com deficiências causadas por lesões e patologias neurológicas. 

Os trabalhos de conclusão de mestrado são divididos, de forma geral, em quatro eixos: pesquisa básica, que acontece primordialmente nas bancadas do laboratório e buscam responder questionamentos vigentes em áreas científicas específicas; pesquisa clínica, voltada para a atuação mais direta com o ambiente de saúde; pesquisas translacionais, que levam o conhecimento da teoria à aplicação prática; e pesquisas computacionais. 

Envelhecimento, cognição e memória

 

Da esq. para a dir.: Deyvisom, Airton, Mateus, Giovanna e Wellydo

No campo da pesquisa básica, o engenheiro biomédico Deyvisom Dantas estudou a reorganização tálamo-cortical, processo presente principalmente em casos de lesões e traumas. Especificamente, o mestrando estudou as mudanças nos padrões cerebrais em caso de amputação de um membro superior, com resultados que reforçam a capacidade de transformação do cérebro através de mecanismos funcionais e moleculares que podem impulsionar a recuperação de funções perdidas.

Um aspecto cortical diferente foi base para o mestrado do biólogo Airton Andrade: a busca por recompensas e o comportamento de vício. O estudo analisou a busca do cérebro por sensações de prazer e satisfação, relacionando-a à aquisição de memórias. Os resultados apontam caminhos para futuras intervenções em memórias associadas a vícios e comportamentos compulsivos.

Também na área da memória, o psicólogo Mateus Villarroel investigou o efeito de informações prévias sobre um determinado ambiente na aquisição de memórias, especificamente buscando entender se o conhecimento sobre um local poderia acelerar o aprendizado, a capacidade de navegação e a formação de uma preferência por aquele espaço. Os achados contribuem para um maior entendimento sobre como o cérebro utiliza informações contextuais para otimizar a navegação em ambientes dinâmicos e naturais, além de proporcionar uma base para estudos sobre o aprendizado em tarefas complexas.

No tema da investigação de áreas específicas do cérebro, a psicóloga Giovanna Oliveira estudou os efeitos da exposição prolongada a estímulos físicos e cognitivos no desempenho de tarefas relacionadas à memória e à ansiedade. O estudo realça a importância de ampliar a nossa compreensão científica sobre como o ambiente molda o comportamento e a saúde mental.

Encerrando o ciclo de pesquisas básicas, o biomédico Wellydo Escarião teve como objetivo em sua pesquisa de mestrado investigar como partes do cérebro se modificam com a idade em áreas ligadas à memória e aprendizado. Os resultados contribuem para aprofundar a compreensão sobre como funciona nosso corpo durante o envelhecimento, fortalecendo uma base para o desenvolvimento de estratégias clínicas e farmacológicas que visem preservar as funções cognitivas ao longo da vida.

Conhecimento computacional voltado para a saúde

Gustavo Maciel e Liohana Silva

No campo das tecnologias feitas com base em estudos computacionais para fins de reabilitação, o analista e desenvolvedor de sistemas Gustavo Maciel idealizou uma ferramenta toolbox (tipo de software que reúne diversas funcionalidades), Artemis, a partir de código aberto, escalável e flexível às necessidades dos usuários. A tecnologia permite a extração e análise de dados baseados em coordenadas espaciais, facilitando os estudos em neurociências comportamentais e o desenvolvimento de eventuais aparatos no cenário da reabilitação. 

Já a engenheira biomédica Liohana Silva desenvolveu uma interface cérebro-computador (ICC), que viabiliza a comunicação entre o cérebro e uma máquina, voltada para o treinamento de comunicação verbal a partir da escuta e imaginação de músicas. A pesquisa reforça que a música, aliada à tecnologia, pode ser uma ferramenta viável para a reabilitação e treinos de comunicação alternativa.

Inovação para reabilitação e qualidade de vida

Da esq. para a dir.: Cícera, Priscila, Conceição e Iasmim

No campo das pesquisas translacionais, a psicóloga Cícera Bruna explorou a união entre moda e tecnologia para promover autonomia e dignidade no ato de escolher e usar roupas. O estudo investigou a viabilidade de um protótipo de sutiã assistivo para mulheres com deficiência motora, desenvolvido a partir de uma metodologia centrada no usuário e apoiada em literatura científica sobre moda e ergonomia. A pesquisa incluiu materiais adaptáveis como lycra e sistemas de fecho magnético, permitindo a manipulação com apenas uma mão. A proposta é um futuro em que tecnologias vestíveis contribuam para o conforto, autoestima e independência de pessoas com deficiência.

Também guiada por necessidades práticas diárias, a terapeuta ocupacional Priscila Barbosa desenvolveu um protótipo de aplicativo móvel voltado para cuidadores de pessoas com Doença de Parkinson. A ferramenta reúne três áreas principais intituladas “Cuidando do Meu Familiar”, “Primeiros Socorros” e “Cuidando do Cuidador”, oferecendo vídeos explicativos, dicas e estratégias para o cuidado e orientações para o autocuidado do próprio cuidador. O estudo evidencia o potencial da tecnologia para melhorar a qualidade de vida das famílias e fortalecer a atenção domiciliar.

Na linha de pesquisas clínicas, a terapeuta ocupacional Conceição Melo investigou o funcionamento e a oxigenação da bexiga utilizando a espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS), técnica não invasiva que monitora substâncias no corpo humano. O foco da pesquisa foi a observação de níveis dos níveis de oxi-hemoglobina e desoxi-hemoglobina no músculo detrusor, responsável pelo armazenamento e esvaziamento da urina. Os resultados revelaram alterações significativas associadas aos desejos miccionais e reforçam o potencial do NIRS para diagnósticos e intervenções em disfunções como a bexiga neurogênica.

Também no âmbito da neuroengenharia aplicada à saúde, a fisioterapeuta Iasmim Alves avaliou protocolos combinados de estimulação elétrica, não invasiva e semi-invasiva, associados ao treino de marcha para reabilitação de pessoas com lesão medular espinal (LME). Os achados indicam que a combinação de estimulação elétrica e treino locomotor atenua efeitos severos da LME, preservando a estrutura celular e favorecendo a recuperação da marcha; além disso, confirmam a relevância dessas abordagens para a construção de protocolos futuros de reabilitação motora e funcional.

Com o fechamento de mais um período de defesas de mestrado, os estudos conduzidos no ISD reafirmam o caráter interdisciplinar do Mestrado em Neuroengenharia e evidenciam como a integração entre ciência, tecnologia e necessidades sociais pode gerar soluções inovadoras para promover saúde, autonomia e qualidade de vida.

Sobre o ISD

O Instituto Santos Dumont (ISD) é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Compartilhe esta notícia