Que zumbido é esse? Entenda o problema auditivo que afeta cerca de 28 milhões de brasileiros

Publicado em 27 de novembro de 2020

 

Você já imaginou ter a sensação de ouvir sempre o mesmo “zumbido”, repetidas vezes? Apesar do nome, sabe-se que poucas vezes ele lembra um “zzzzz”, como um enxame de abelhas. Relatos de quem ouve o comparam a ondas do mar e até a uma panela de pressão no fogo. 

Cerca de 20% da população mundial têm algum grau de deficiência auditiva ou sofre com esse zumbido, a percepção de um som nos ouvidos ou na cabeça, que não é gerado por uma fonte sonora externa. De acordo com o Conselho Federal de Fonoaudiologia, no Brasil, aproximadamente 28 milhões de pessoas são afetadas pelo problema, que não chega a ser considerado doença, mas sim um sinal de alerta para a deficiência auditiva.

Para conscientizar a população sobre o assunto, o mês de Novembro também é tido como Novembro Laranja e abriga o Dia Nacional de Conscientização sobre o Zumbido, em 11 de novembro. 

As causas do zumbido

O zumbido pode ser ocasionado por diferentes fatores e afetar o bem estar de pessoas das mais distintas faixas etárias. Pode ainda estar associado à tontura ou intolerância a sons.

A fonoaudióloga Rogéria Dias, que atende na clínica de Reabilitação Auditiva do Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, do Instituto Santos Dumont (ISD), explica que as causas podem estar relacionadas às mais diversas naturezas. “O zumbido pode surgir de problemas vasculares, alterações cardíacas e hormonais, problemas metabólicos, alterações musculares na região da cabeça e pescoço, além de deformações odontológicas. Problemas na mandíbula, lesões sensoriais podem também estar associadas a esse desconforto”, disse a especialista em audiologia. 

De acordo com Rogéria, as origens mais comuns são provenientes de lesões sensoriais nas vias auditivas. “O zumbido também pode ser consequência do acúmulo de cera, de resfriados ou envelhecimento, exposição a sons fortes ou intensos, afinal, ocorre, com mais frequência nas idades adulta e idosa. No Anita, a maioria das queixas de zumbido vem de pacientes que já acumulam algum grau de perda auditiva”, acrescenta. 

 

Mais da metade dos pacientes em reabilitação auditiva no Anita reclamam de zumbido

Na clínica de reabilitação auditiva do Anita  – que atende a população da região Metropolitana de Natal (RN) – 53% dos pacientes recebidos desde 2018 apresentaram queixas de zumbido. 

O número corresponde a 355 das 669 pessoas atendidas, a maioria adultos e idosos, e faz parte de um levantamento feito por residentes de fonoaudiologia do ISD, com acompanhamento de preceptores. 

O levantamento tem como objetivo identificar as características clínicas e sociodemográficas dos pacientes que procuram o serviço na clínica, como explica a residente do Programa de Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência, do ISD, Nancy Sotero. “O objetivo desse levantamento é entender as necessidades desses pacientes, de maneira que a gente consiga estabelecer fluxos e protocolos de intervenção da audiologia e também multiprofissionais. Além disso, é um dado importante para fomentar o estabelecimento de políticas de assistência no serviço público”, disse a residente. 

Conforme estudo da American Public Health Agency, divulgado pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, o zumbido é o terceiro sintoma que mais causa incômodo no mundo, perdendo apenas para dores e tonturas intensas. Rogéria Dias conta que a sensação é descrita pelos pacientes de diversas formas, como apito, chiado, barulho de panela de pressão e até de ondas do mar. “Esse barulho pode ser constante, intermitente, pode aparecer e sumir, pode ser baixo ou alto, às vezes passa despercebido, mas é um sinal de alerta – não só para perda auditiva, mas para outras doenças – que precisa ser acompanhado”, observa

Tratamento 

Existem várias formas de tratamento para o zumbido, recomendadas de acordo com as causas identificadas em cada caso. “Quando o paciente chega até nós, a gente tenta identificar qual a faixa de frequência desse zumbido, qual a intensidade, através da audiometria e de avaliações quantitativas, entender se o impacto é emocional ou funcional, por exemplo. Identificada a causa do zumbido, direcionamos para uma terapia específica para cada tipo de caso”, disse Rogéria. 

Segundo a especialista, o correto é fazer acompanhamento junto a um profissional fonoaudiólogo e um médico otorrinolaringologista que poderá indicar a melhor forma de tratamento, tais como mudanças alimentares, medicamentos, terapias sonoras e adaptação de aparelhos auditivos. 

Conscientização 

A Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação ao Zumbido (Apidiz) criou, em 2009, a Campanha Nacional de Conscientização sobre o Zumbido, mais conhecida como Novembro Laranja, tendo 11 de novembro como Dia Nacional da Campanha. A ação tem o objetivo de conscientizar e informar a população sobre esse sintoma e é promovida anualmente pelo Instituto Ganz Sanchéz, que levanta cinco causas a serem abraçadas durante o mês:

1. Zumbido e intolerância a sons são sintomas dos ouvidos mais vulneráveis a agressões; (ou seja, aqueles que são suscetíveis à perda ou outro problema auditivo, como é o caso de idosos); 

2. É necessário investigar corretamente suas várias causas;

3. O tratamento precoce pode fazer diferença na recuperação do ouvido e da qualidade de vida;

4. A abordagem multidisciplinar pode ser mais eficiente no tratamento de Zumbido e intolerância a sons;

5. Mudar pensamentos restritivos (“não há nada a fazer”, “não tem cura”, “aprenda a conviver”) para ampliar a atuação profissional e a chance de melhora do paciente.

Texto:  Kamila Tuenia / Ascom – ISD

Foto: Kamila Tuenia / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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Cerca de 20% da população mundial têm algum grau de deficiência auditiva ou sofre com esse zumbido, a percepção de um som nos ouvidos ou na cabeça, que não é gerado por uma fonte sonora externa. De acordo com o Conselho Federal de Fonoaudiologia, no Brasil, aproximadamente 28 milhões de pessoas são afetadas pelo problema, que não chega a ser considerado doença, mas sim um sinal de alerta para a deficiência auditiva.

Para conscientizar a população sobre o assunto, o mês de Novembro também é tido como Novembro Laranja e abriga o Dia Nacional de Conscientização sobre o Zumbido, em 11 de novembro. 

As causas do zumbido

O zumbido pode ser ocasionado por diferentes fatores e afetar o bem estar de pessoas das mais distintas faixas etárias. Pode ainda estar associado à tontura ou intolerância a sons.

A fonoaudióloga Rogéria Dias, que atende na clínica de Reabilitação Auditiva do Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, do Instituto Santos Dumont (ISD), explica que as causas podem estar relacionadas às mais diversas naturezas. “O zumbido pode surgir de problemas vasculares, alterações cardíacas e hormonais, problemas metabólicos, alterações musculares na região da cabeça e pescoço, além de deformações odontológicas. Problemas na mandíbula, lesões sensoriais podem também estar associadas a esse desconforto”, disse a especialista em audiologia. 

De acordo com Rogéria, as origens mais comuns são provenientes de lesões sensoriais nas vias auditivas. “O zumbido também pode ser consequência do acúmulo de cera, de resfriados ou envelhecimento, exposição a sons fortes ou intensos, afinal, ocorre, com mais frequência nas idades adulta e idosa. No Anita, a maioria das queixas de zumbido vem de pacientes que já acumulam algum grau de perda auditiva”, acrescenta. 

 

Mais da metade dos pacientes em reabilitação auditiva no Anita reclamam de zumbido

Na clínica de reabilitação auditiva do Anita  – que atende a população da região Metropolitana de Natal (RN) – 53% dos pacientes recebidos desde 2018 apresentaram queixas de zumbido. 

O número corresponde a 355 das 669 pessoas atendidas, a maioria adultos e idosos, e faz parte de um levantamento feito por residentes de fonoaudiologia do ISD, com acompanhamento de preceptores. 

O levantamento tem como objetivo identificar as características clínicas e sociodemográficas dos pacientes que procuram o serviço na clínica, como explica a residente do Programa de Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência, do ISD, Nancy Sotero. “O objetivo desse levantamento é entender as necessidades desses pacientes, de maneira que a gente consiga estabelecer fluxos e protocolos de intervenção da audiologia e também multiprofissionais. Além disso, é um dado importante para fomentar o estabelecimento de políticas de assistência no serviço público”, disse a residente. 

Conforme estudo da American Public Health Agency, divulgado pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, o zumbido é o terceiro sintoma que mais causa incômodo no mundo, perdendo apenas para dores e tonturas intensas. Rogéria Dias conta que a sensação é descrita pelos pacientes de diversas formas, como apito, chiado, barulho de panela de pressão e até de ondas do mar. “Esse barulho pode ser constante, intermitente, pode aparecer e sumir, pode ser baixo ou alto, às vezes passa despercebido, mas é um sinal de alerta – não só para perda auditiva, mas para outras doenças – que precisa ser acompanhado”, observa

Tratamento 

Existem várias formas de tratamento para o zumbido, recomendadas de acordo com as causas identificadas em cada caso. “Quando o paciente chega até nós, a gente tenta identificar qual a faixa de frequência desse zumbido, qual a intensidade, através da audiometria e de avaliações quantitativas, entender se o impacto é emocional ou funcional, por exemplo. Identificada a causa do zumbido, direcionamos para uma terapia específica para cada tipo de caso”, disse Rogéria. 

Segundo a especialista, o correto é fazer acompanhamento junto a um profissional fonoaudiólogo e um médico otorrinolaringologista que poderá indicar a melhor forma de tratamento, tais como mudanças alimentares, medicamentos, terapias sonoras e adaptação de aparelhos auditivos. 

Conscientização 

A Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação ao Zumbido (Apidiz) criou, em 2009, a Campanha Nacional de Conscientização sobre o Zumbido, mais conhecida como Novembro Laranja, tendo 11 de novembro como Dia Nacional da Campanha. A ação tem o objetivo de conscientizar e informar a população sobre esse sintoma e é promovida anualmente pelo Instituto Ganz Sanchéz, que levanta cinco causas a serem abraçadas durante o mês:

1. Zumbido e intolerância a sons são sintomas dos ouvidos mais vulneráveis a agressões; (ou seja, aqueles que são suscetíveis à perda ou outro problema auditivo, como é o caso de idosos); 

2. É necessário investigar corretamente suas várias causas;

3. O tratamento precoce pode fazer diferença na recuperação do ouvido e da qualidade de vida;

4. A abordagem multidisciplinar pode ser mais eficiente no tratamento de Zumbido e intolerância a sons;

5. Mudar pensamentos restritivos (“não há nada a fazer”, “não tem cura”, “aprenda a conviver”) para ampliar a atuação profissional e a chance de melhora do paciente.

Texto:  Kamila Tuenia / Ascom – ISD

Foto: Kamila Tuenia / Ascom – ISD

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Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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