RN: Com aumento de 64,4% nos casos prováveis de dengue nas últimas semanas de 2023, Sesap emite alerta

Foto do mosquito Aedes aegypti dentro de um tubo de ensaio.
Publicado em 26 de janeiro de 2024

Com a elevação das temperaturas, intensificadas pelas mudanças climáticas, autoridades de saúde pública observam o crescimento de ocorrências de infecções provocadas por arboviroses no país. No Rio Grande do Norte, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) emitiu alerta para a possibilidade de aumento substancial dos casos de arboviroses em 2024. A secretaria usou como base as últimas seis semanas epidemiológicas de 2023, onde o número de casos suspeitos de dengue foi 64,4% maior que o registrado no mesmo período do ano anterior. 

No total, foram 727 casos prováveis contabilizados, em relação aos 442 registrados no mesmo período em 2022. Segundo a Sesap, em 2022 foram mais de 12 mil casos confirmados e 21 óbitos causados pela dengue, uma das principais arboviroses em ambientes urbanos, junto ao chikungunya e à zika. 

As alterações climáticas vêm sendo motivo de preocupação para a saúde global há algum tempo. Em outubro de 2023, a OMS emitiu um documento sobre os impactos na saúde pública de países afetados pelo fenômeno El Niño, incluindo o Brasil. Considerando este cenário, além do período de verão, a proliferação do Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, apresenta riscos ainda maiores e precisa ser enfrentada com os devidos cuidados.

Segundo Manoella Alves, preceptora infectologista do Instituto Santos Dumont (ISD), regiões tropicais sempre foram mais propícias à proliferação de mosquitos transmissores de doenças, mas com as mudanças climáticas, ficou mais difícil prever se a população de mosquitos aumentará ou diminuirá. 

“O que sabemos é que os mosquitos transmissores da dengue, chikungunya e zika se propagam por meio de ovos depositados em pequenas coleções de água. Então a soma de chuva com a presença de lixos, contendo principalmente plásticos, como tampinhas, vasos e potes, é um ambiente favorável para a proliferação da população de mosquitos”, explica. 

De acordo com a infectologista Manoella Alves, existem cuidados individuais, como usar mosquiteiros e telas em portas e janelas e fazer o uso de repelentes, que visam evitar ao máximo a exposição à picada do mosquito. Além destes, armazenar garrafas PET e de vidros com a abertura para baixo, proteger pneus do acúmulo de água, limpar calhas frequentemente, e tentar fazer com que utensílios que podem armazenar água não tenham essa função, evitam a proliferação do transmissor e o surgimento de larvas.

Mas também existem os comportamentos coletivos, como buscar água ao redor da casa, não deixar sacos de lixo em locais inadequados, que possam acumular água ou serem espalhados, ou expostos por muito tempo. 

A integração e participação junto aos serviços de saúde são um terceiro ponto importante dentre este grupo de estratégias. Comunicar na Unidade de Saúde local sobre possíveis focos de dengue em pontos urbanos, para que a equipe acione as entidades municipais responsáveis, e saber em quais situações devem procurar o sistema de saúde, são exemplos de ações que, para Manoella Alves, evitam o estresse dos serviços de saúde e as consequências amplas para a população.

“O combate às doenças infecciosas começa quando a sociedade, em conjunto, busca a construção de cidades limpas, com manejo adequado de lixos e entulhos e está ciente da importância dos cuidados em saúde, como vacinação e seguimento das orientações dadas pelos agentes de saúde, por profissionais de saúde, pelo Ministério da Saúde, e se comprometem em propagar informações verdadeiras a respeito das doenças infecciosas”, pontua a preceptora infectologista.

 

Cuidados na gestação

A preceptora enfermeira do ISD, Monise Pontes, destaca o risco de adoecimento maior para gestantes, principalmente pela zika, por possíveis complicações para o feto, como a microcefalia causada pela Síndrome Congênita do Zika Vírus, conjunto de anomalias congênitas que podem incluir alterações visuais, auditivas e neuropsicomotoras. A prevenção das três arboviroses é importante, e para as gestantes, os cuidados têm que ser dobrados.

 

Tendo isso em mente, preceptoras e gestantes atendidas pelo ISD produziram, em conjunto, um repelente caseiro, feito com a mistura de um líquido concentrado de cravo-da-índia e álcool com óleos vegetais ou corporais. A preceptora explica que o princípio do repelente caseiro é a ação do Eugenol, substância produzida pela união do cravo da índia com o álcool, eficiente como repelente natural.

“É uma estratégia para evitar o acometimento das arboviroses e de ter uma forma de controle e prevenção com o que temos disponível, de fácil acesso. Associado aos cuidados, o repelente, principalmente nesses momentos sazonais, onde os casos de adoecimento são maiores, vão ser mais efetivos”, explica a preceptora enfermeira Monise Pontes.

A orientação é de que o repelente seja utilizado por toda a população, mas principalmente grupos prioritários, como gestantes e crianças. Segundo a preceptora enfermeira, o componente deve ser usado por cima da roupa, evitando contato direto com a pele, e tem proteção de até três horas, precisando ser reaplicado após isso.

Existem, ainda, os repelentes disponíveis em farmácias e serviços de saúde, com especificações a depender da faixa etária. Nesses casos a recomendação é identificar o repelente adequado para cada faixa etária e observar, por exemplo, os fatores de alérgenos e as especificidades para gestação; para gestantes, é recomendado o uso dos repelentes à base de icaridina, substância reconhecida pela OMS.

 

SOBRE O ISD

O Instituto Santos Dumont (ISD) é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

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