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Censo inédito sobre autismo pode fortalecer políticas públicas e atendimentos especializados em saúde, avalia especialista do ISD

Publicado em 24 de maio de 2025

Pela primeira vez na história, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabilizou o número de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no país. Os dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (23), revelam que 2,4 milhões de brasileiros – o equivalente a 1,2% da população – possuem diagnóstico de autismo. 

No Rio Grande do Norte, são 37.625 pessoas (1,1% da população), com maior prevalência entre meninos de 5 a 9 anos, faixa etária em que o percentual chega a 4,2%. Em Natal, capital do estado, o índice chega a 1,4% da população — o maior entre os municípios potiguares com mais de 100 mil habitantes. 

A divulgação dos números é considerada um avanço histórico por especialistas, uma vez que revela o cenário de prevalência do TEA entre os brasileiros, mas também evidencia lacunas importantes na estruturação de políticas públicas. 

Para a neuropsicóloga Samantha Maranhão, especialista no cuidado à pessoa com autismo e coordenadora de atividades de ensino em saúde do Instituto Santos Dumont (ISD), a visibilidade estatística estabelece um novo patamar de responsabilidade ao poder público. “Ter esses dados de forma sistematizada é um ganho histórico para a gente pensar políticas públicas e planejar ações de cuidado. Mas, ao mesmo tempo, evidencia o quanto ainda precisamos avançar na estruturação dos serviços”, avalia.

Samantha destaca que o diagnóstico precoce tem avançado, mas muitas famílias ainda enfrentam um longo caminho até garantir atendimento especializado, sobretudo em função da alta demanda de novos casos identificados. “O grande desafio é o acolhimento dessa alta demanda sem gerar filas de espera, sem gerar uma demora muito grande para ações concretas de prestação de serviço; seja na saúde, na educação, em todos os cenários que a pessoa autista quer se inserir. Ainda há um tempo muito grande entre procurar ajuda e de fato ter ajuda”, afirma.

Samantha Maranhão, preceptora neuropsicóloga e coordenadora de atividades de ensino em saúde do ISD – Foto: Ascom/ISD

Os dados do IBGE apontam ainda que, no Rio Grande do Norte, a prevalência do diagnóstico é significativamente maior entre homens (1,5%) do que entre mulheres (0,8%), um padrão observado mundialmente. 

Outro número preocupante é o recorte etário: entre os meninos de 0 a 4 anos, a prevalência é de 3%; entre os de 5 a 9 anos, sobe para 4,2%. Após os 20 anos, o índice despenca para menos de 1%, o que sugere uma combinação entre subdiagnóstico na fase adulta e invisibilidade social.

A neuropsicóloga também chama atenção para os índices de escolarização, que caem drasticamente com o avanço da idade: se entre 6 e 14 anos a maioria das crianças potiguares autistas está na escola (mais de 91%), entre os adultos com 25 anos ou mais a taxa é inferior a 7%.

“Quando a gente olha para a população adulta, provavelmente é uma população que está recebendo diagnóstico tardio e infelizmente não teve acesso à educação, ao sistema de saúde de qualidade, para dar suporte nessa fase da infância e da adolescência, então acabaram crescendo sem instrução e com ensino fundamental incompleto”, observa Samantha.

Com a inclusão do TEA no Censo, prevista na Lei nº 13.861/2019, o Brasil passa a integrar o grupo de países que monitora oficialmente a prevalência do transtorno. Para a especialista do ISD, a mudança abre caminho para a formulação de políticas públicas baseadas em evidências, mas exige mais que números. “É preciso olhar para a nossa realidade, a partir dos nossos dados e o perfil da nossa população. Agora, a gente vai poder olhar para essa demanda com um dado que é real e que é brasileiro”, finaliza.

Acolhimento e linha de cuidado

O Instituto Santos Dumont mantém uma linha de cuidado voltada ao atendimento multiprofissional de crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro do Autismo. Atualmente, apenas crianças que residem no município de Macaíba, onde operam as unidades do ISD, são acompanhadas pelo serviço, que funciona mediante triagem realizada uma vez por ano. 

Além disso, o ISD oferece atividades coletivas de educação em saúde voltada para pais e cuidadores de crianças em processo de investigação diagnóstica ou já diagnosticadas com TEA, moradores de algum dos municípios da 7ª Região de Saúde (Extremoz, Macaíba, Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante). O objetivo dos grupos é proporcionar momentos de educação para que eles consigam fazer uma estimulação diária com os filhos, além de aproximar familiares ao sistema e aos profissionais de saúde. 

Durante as atividades são compartilhadas dicas de temas como alimentação, desfralde diurno e noturno e comunicação na vida diária. Além disso, os profissionais repassam orientações sobre como lidar com as emoções e fases difíceis e com a agressividade, sobre o estímulo da autonomia e independência, primeiros socorros, inclusão escolar e social, medicalização e medicação, entre outras temáticas.

Autismo

Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) “se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva”.

Sobre o ISD

O Instituto Santos Dumont (ISD) é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

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