04/08/2016
Texto: Ariane Mondo – Ascom ISD
Fotos: Acervo ISD
O projeto Barriguda, que integra o Programa Institucional de Educação para Ação Social e Comunitária do Instituto Santos Dumont (ISD), foi apresentado na China, no dia 28 de julho, durante Conferência Anual organizada pela Universidade Médica da China e The Network Towards Unity for Health (tradução livre: rede unida para a saúde), Organização Não-Governamental que reúne profissionais de saúde e instituições do mundo inteiro e que atua em parceria com a Organização Mundial da Saúde.
O evento deste ano ocorreu na cidade chinesa de Shenyang, onde Carolina Damásio, preceptora médica do Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi (CEPS/ISD), falou sobre o projeto Barriguda, realizado pelo CEPS desde 2015 na comunidade quilombola de Capoeiras, localizada em Macaíba (RN).
Na ocasião, Carolina teve a oportunidade de explicar como o Barriguda foi capaz de estabelecer uma estratégia de cuidado pré-natal que contempla as necessidades identificadas na comunidade quilombola. O projeto é inovador também por promover a inserção dos estudantes de Medicina em uma estratégia interprofissional de atenção pré-natal, com o objetivo de identificar conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao cuidado da saúde materna das mulheres quilombolas. Carolina ressaltou em sua apresentação que, no Brasil, a educação das relações étnico-raciais e a história da cultura afro-brasileira são previstas nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e que, também por isso, o Barriguda representa um avanço na formação médica.
Sobre a participação do projeto nesse evento, Carolina falou: “Uma das coisas mais importantes é poder conhecer outras experiências inovadoras nas escolas de medicina de diversos países. Isso abre portas para futuras parcerias e para a construção de novos projetos, possibilitando um intercâmbio promissor de ideias”.
Ela afirmou ainda que o projeto Barriguda foi bastante elogiado por pesquisadores e profissionais estrangeiros que publicam artigos na área de ensino das profissões de saúde. “Eles entenderam que iniciativas como a do projeto Barriguda são importantes por promoverem a interação de alunos de medicina com populações negligenciadas. Isso faz parte da formação de um profissional de saúde apto a responder a todas as demandas da população”, finalizou Carolina.
Reconhecimento internacional
Essa não foi a primeira vez que o CEPS/ISD ganhou o mundo: em 2015, o projeto “Arte de Nascer” foi o único premiado das Américas na competição mundial “Projects That Work” promovida pela Foundation for Advancement of International Medical Education and Research (FAIMER) – veja matéria sobre a premiação AQUI. A Arte de Nascer é um projeto do Programa Institucional Educação e Trabalho Interprofissional em Saúde Materno-infantil do ISD, que integra ações de ensino-pesquisa-extensão voltadas para a humanização do cuidado e a integralidade da atenção às gestantes usuárias do CEPS, por meio da realização de atividades lúdicas envolvendo a arte em suas diferentes manifestações.
Sobre o Projeto Barriguda (CEPS/ISD)
Capoeiras, no município de Macaíba, é a maior comunidade quilombola do Rio Grande do Norte. Inclui aproximadamente 300 famílias com acesso limitado aos cuidados adequados à saúde. Com a estratégia da pesquisa-ação foi implantada, nessa comunidade, uma estratégia interprofissional de cuidado na atenção pré-natal que busca atender às necessidades identificadas para essa população específica, respeitando os valores, conhecimentos, saberes e cultura local.
Com a participação de estudantes de Medicina, atuando em equipe multiprofissional (médico, enfermeira, fisioterapeuta, psicóloga e assistente social), os atendimentos são realizados semanalmente e precedidos por atividades de educação interprofissional em saúde que empregam tecnologias leves e valorizam o resgate histórico e cultural quilombola. Nomeado pelas próprias gestantes, o Barriguda faz referência à forma como a comunidade se refere ao Baobá, árvore de origem africana e reverenciada como símbolo de saúde, força, sabedoria, vida longa e beleza, além de representar a localização dos antigos quilombos no Brasil.