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Regiões do cérebro que controlam a função de andar podem ser melhor treinadas mesmo após lesão medular, aponta pesquisa

Publicado em 14 de outubro de 2025

Regiões do cérebro humano responsáveis pela função de andar podem ser exercidas e ativadas mesmo em pessoas que sofreram lesão medular completa. É o que revelam cientistas do Instituto Santos Dumont (ISD), Organização Social vinculada ao Ministério da Educação, em estudo que combina treino mental e análise da atividade cerebral (neurofeedback) com tecnologia robótica voltada à reabilitação física.

Publicado na revista científica internacional “IEEE Transactions on Human-Machine Systems”, o estudo tem como objetivo investigar se o uso do neurofeedback pode aumentar a capacidade e habilidade do usuário em realizar a prática mental dos movimentos corporais envolvidos em uma longa caminhada. 

Contudo, diferente dos outros sistemas de neurofeedback, este foi desenvolvido especificamente para distinguir o que é efeito da imaginação do movimento daquilo que vem apenas do movimento das pernas provocado pelo treino robótico de caminhada com o Lokomat, um sistema robótico que suspende o usuário em uma esteira e executa o movimento de membros inferiores. Assim, foi possível entender com mais clareza como a imagética motora baseada em neurofeedback, por si só, pode contribuir para a reorganização dos ritmos corticais após a lesão da medula espinal

Em termos práticos, os pesquisadores submeteram os participantes de pesquisa com lesão medular ao treino robótico enquanto o neurofeedback ensinava o usuário a modular seus ritmos cerebrais de modo diferente da modulação cortical induzida apenas pelo treino da caminhada passiva no Lokomat. “A intervenção testada foi além do que o treinamento passivo pode proporcionar, focando em como o cérebro aprendeu a ativar padrões próximos aos do movimento ativo”, explica a professora pesquisadora Caroline Cunha do Espírito Santo, que participou do trabalho.

Ela ainda complementa que quando foi testada a mesma intervenção oferecendo um neurofeedback falso, não houve diferença na atividade cerebral durante a imagética da caminhada em relação ao movimento no Lokomat, indicando ausência de prática mental. 

Esses achados mostram que o neurofeedback é crucial para engajar as áreas motoras corticais durante a imagética motora da caminhada após lesão medular completa, superando a eficácia de comandos verbais.

O estudo publicado faz parte de um dos projetos de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Neuroengenharia do ISD (PPGN/ISD), que tem como uma de suas matrizes o desenvolvimento de tecnologias inovadoras para a solução de desafios na reabilitação de doenças e condições neurológicas.

A fisioterapeuta e neuroengenheira Ericka da Silva Serafini, egressa do PPGN, assina o artigo sob orientação da professora Caroline e do professor Denis Delisle-Rodríguez. Segundo os pesquisadores, o estudo aproxima o uso de técnicas científicas como a Eletroencefalografia (EEG) e o neurofeedback à prática clínica.  

“Este trabalho aponta que mesmo indivíduos sem movimento voluntário conseguem apresentar modulação da atividade cortical quando recebem tarefas estruturadas e feedback adequado. Isso fortalece a ideia de que o cérebro pode ser treinado mesmo na ausência de função motora, abrindo espaço para estratégias personalizadas baseadas em tecnologias assistivas”, explica.

Denis Rodriguez, Ericka Serafini e Carol Cunha, autores do trabalho publicado. Foto – Ascom ISD

Além de Ericka, participaram da pesquisa Cristian Guerrero-Mendez, Douglas Dunga, Teodiano Bastos-Filho e o professor pesquisador do ISD André de Azevedo Dantas. O artigo pode ser acessado em: https://ieeexplore.ieee.org/abstract/document/11163517.

Segundo os cientistas, a forma como o cérebro dos participantes respondeu mostra que há potencial para aprendizado e adaptação neural. Isso reforça que o método pode ter aplicação clínica futura. Como as medições usadas são confiáveis, os resultados ganham força e indicam que o neurofeedback pode ser incorporado a programas de reabilitação que estimulem a plasticidade do cérebro.

Equipe interdisciplinar

A equipe envolvida no trabalho científico conta com neurocientistas, profissionais da saúde e engenheiros, interdisciplinaridade que faz parte da atuação adotada do ISD nos âmbitos de ensino, pesquisa e extensão. 

“A interdisciplinaridade é fundamental porque a reabilitação de pessoas com lesão medular espinal envolve o conhecimento de diversas áreas. Nesta equipe, cada integrante se dedicou a desenhar e planejar as sessões de reabilitação, analisar e interpretar os sinais cerebrais e desenvolver e ajustar o sistema de neurofeedback. Essa colaboração garante que cada etapa do estudo seja pensada de forma integrada, possibilitando avanços que não seriam possíveis em um único campo de atuação”, considera a professora Caroline.

Sobre o ISD

O Instituto Santos Dumont é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

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