A dona de casa Maria Aparecida, de 41 anos, sabe a importância da amamentação. Enquanto aguarda por atendimento no Anita, unidade do Instituto Santos Dumont (ISD) referência em saúde materno-infantil, oferece o peito para a filha Maria Cecília, de 2 anos e 2 meses. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que as crianças sejam amamentadas até, pelo menos, os 2 anos de idade, mesmo com a introdução de alimentos sólidos. Aparecida quer ir além: “Espero que Cecília mame até pelo menos os 3 (anos)”.
A pequena Alícia, de 2 meses, costuma acordar a mãe Adeilza de Oliveira, de 28 anos, duas vezes por noite para mamar. “Geralmente, ela mama por volta de 1h30 e das 5h da manhã, depois volta a dormir. Tento criar uma rotina de amamentação para ela ao longo do dia e à noite também”, conta Adeilza enquanto alimenta a filha mais uma vez.
O leite humano deve ser o único alimento de bebês até os 6 meses, afirma a OMS. Ele possui múltiplos benefícios nutricionais e imunológicos que favorecem o desenvolvimento da criança. Além disso, é capaz de diminuir a morte de crianças menores de 5 anos por causas preveníveis, reduzindo a ocorrência de diarreias, afecções perinatais e infecções, principais causas de morte de recém-nascidos.
No entanto, para muitas mães e bebês o processo de lactação nem sempre é simples e pode impor alguns desafios, que vão desde a baixa produção de leite a dores no momento da amamentação. A preceptora enfermeira do ISD, Monise Pontes, afirma que existem técnicas que simplificam e facilitam o processo de alimentação dos bebês.
“Essa dificuldade é normal, visto que a mãe está aprendendo a amamentar e o bebê a ser amamentando. Orientamos que as lactantes criem um ambiente com luz mais baixa e menos ruídos, sobretudo nos primeiros dias de amamentação. Além disso, é importante que a mãe esteja em uma posição confortável, com as costas bem apoiadas, e posicionando o corpo da criança em uma mesma direção, preferencialmente barriga com barriga, para permitir que ele engula o leite com mais facilidade”, explica a enfermeira.
Outro ponto que deve ser observado é a ‘pega’ da criança, importante para não gerar fissuras ou machucados no mamilo, segundo Monise: “A criança deve abocanhar a maior parte da aréola (parte mais escura do seio) e os lábios devem estar virados para fora, fazendo a sucção correta e evitando o aparecimento das lesões que provocam dor na mãe”.
Ainda assim, caso as dificuldades para amamentar persistam, “é importante que a mãe busque ajuda profissional para que não haja a desistência da amamentação devido a uma questão que pode ser resolvida”, reforça a profissional.
Semana Mundial do Aleitamento Materno e Agosto Dourado
Como forma de incentivar e discutir o aleitamento materno, a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) promovem, entre os dias 1 e 7 de agosto, a Semana Mundial da Amamentação.
O tema de 2024 é “Amamentação: apoie em todas as situações” e tem como intuito destacar as necessidades de aprimoramento do apoio ao aleitamento, com foco na redução de desigualdades e na prática da amamentação em tempos de crises. A escolha está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) elencados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
No Brasil, a proposta é estendida ao longo de todo o mês por meio da campanha “Agosto Dourado”, que busca debater políticas que valorizem a mulher e a amamentação, além de promover o respeito pelo direito de amamentar a qualquer hora e em qualquer lugar.
No ISD, as atividades de conscientização sobre o tema são constantes. Gestantes e puérperas participam dos grupos “Maternar” e “Arte de Crescer”, espaços de educação permanente onde se discute temas relacionados à gravidez e aos primeiros meses e anos de vida das crianças.
“A partir do momento que a criança nasce, a mãe precisa estar preparada para amamentar naquele momento. Então, vimos que era necessário preparar essas mães para diminuir as chances de desistência da amamentação. Assim, o preparo das mães é fundamental para que ela esteja preparada para este momento”, finaliza Monise.
Mitos e Verdades sobre a amamentação
Mitos
- Amamentar dói sempre: A amamentação pode causar desconforto no início, mas a dor persistente indica que algo está errado, como a ‘pega’ incorreta.
- Quem tem seios pequenos produz menos leite: O tamanho dos seios não influencia a quantidade de leite produzido.
- Leite materno fraco: Não existe “leite materno fraco”. O leite materno contém todos os nutrientes necessários para o bebê.
Verdades
- A amamentação pode proteger contra doenças: O leite materno contém anticorpos que ajudam a proteger o bebê de muitas doenças.
- Amamentar fortalece o vínculo entre mãe e filho: O contato físico durante a amamentação ajuda a fortalecer o vínculo emocional entre mãe e bebê.
- Amamentar pode ser difícil no começo: Muitas mães enfrentam dificuldades no início, mas com o suporte correto, a maioria dos problemas pode ser resolvida.
Sobre o ISD
O Instituto Santos Dumont (ISD) é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.