Dados oficiais sobre mortes de mulheres grávidas por COVID-19 mostram 145% mais casos no Brasil do que nos Estados Unidos.
Enquanto em território americano o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) apontou na semana passada 55 óbitos entre janeiro e setembro, no Brasil, 135 foram confirmados pelo governo federal até 1º de agosto – mais da metade deles envolvendo mulheres no terceiro trimestre de gestação.
O panorama sobre a mortalidade entre as brasileiras foi apresentado pelo Secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Parente, em audiência pública no início de agosto. Parente lembrou na audiência que a mortalidade materna é um problema crônico no Brasil, agora escancarado pela pandemia. E assegurou que reduzir o indicador é uma política do atual governo.
Riscos
Um estudo americano publicado em junho – citado em nota pelo CDC – sugere que mulheres grávidas com Covid-19 são mais propensas do que as não grávidas a serem hospitalizadas, a precisarem de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a receberem ventilação mecânica. O risco de morte se mostra semelhante para os dois grupos, mas o tema ainda é alvo de estudos.
No Brasil, as mortes de grávidas e puérperas têm ganhado repercussão na mídia com casos que se multiplicam, geralmente em hospitais que não têm UTI, fora do ambiente hospitalar ou quando houve menos de 12 horas de internação, segundo o governo.
O Instituto Santos Dumont mapeou ao menos 110 casos suspeitos ou confirmados de mortes destacados pela mídia entre 21 de março e 18 de setembro. Treze, desse total, foram noticiadas desde o início de agosto, quando foram divulgados os dados oficiais mais recentes. As histórias viraram pauta em portais de notícias ou TVs no país entre 2 de agosto e 18 de setembro
Clique nos links abaixo para saber mais sobre as vítimas:
Gilda Santos Costa, Natália Cristina Ticianelli y Samara Silva Pinheiro Lemos, de São Paulo;
Marieli Lysakowski Santin y Ariana Ferreira do Amaral, de Mato Grosso;
Viviane Souza Nairne e uma indígena com nome não divulgado do Paraná;
Camila Graciano, de Goiás;
Julliane Ferreira Aguiar, de Tocantins;
Michele Paullino, do Rio de Janeiro
Lucicléa de Moraes e uma mulher com nome não revelado em Minas Gerais.
Um levantamento publicado em maio pelo Instituto já chamava a atenção para o quadro de mais mortes no Brasil do que em outros países e para a necessidade de cuidados especiais para grávidas e puérperas – as mulheres na fase pós-parto. Haga clic aquí para leer.
Precauções recomendadas no período de pandemia – como manter as consultas de pré-natal – também foram tema de entrevista com o diretor-geral do Instituto e especialista em medicina fetal, Reginaldo Freitas Júnior. Clique aqui para acessar a entrevista completa.
Texto: Renata Moura – jornalista / Ascom – ISD
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