Trabalhos de preceptoras, residentes e mestranda do Instituto Santos Dumont (ISD) foram destaque na premiação da Jornada Acadêmica de Fonoaudiologia, promovida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no mês de setembro. Dos cinco trabalhos premiados, três são do ISD, nas áreas de Saúde Coletiva e Linguagem. Os trabalhos reconhecidos vêm de projetos realizados por preceptoras e residentes dentro das linhas de cuidado do Centro Especializado em Reabilitação ISD (CER ISD), e abordam temas como cuidado multidisciplinar, educação em saúde e suporte comunicacional a pessoas autistas, dentro da área da fonoaudiologia.

Na categoria de Saúde Coletiva, foram submetidos dois trabalhos sobre o projeto Zumbido, realizado no ISD desde 2020. O zumbido é uma condição que provoca sensações sonoras sentidas apenas pelo indivíduo, similares a chiados ou ruídos. O projeto surgiu quando as preceptoras e residentes perceberam um grande incômodo entre os usuários com a condição.

Os trabalhos consistiram em relatos de experiência da equipe do projeto, apresentando os modelos de cuidado praticados com os usuários e destacando a educação em saúde e estimulação de uma autonomia e protagonismo do usuário no processo de reabilitação. Uma das iniciativas relatadas foi a Tenda dos Contos, prática que tem como objetivo reunir os participantes do projeto para compartilharem histórias de vida e objetos pessoais, com a proposta de humanizar o contato dentro do serviço de saúde, facilitando um atendimento de maior qualidade. 

A residente Clara Vivian, uma das responsáveis pelos trabalhos que falaram sobre o projeto Zumbido, avalia como gratificante a oportunidade de compartilhar com outros profissionais e estudantes da saúde um modelo de cuidado mais próximo da realidade dos usuários. 

“Os dois trabalhos que a equipe da audiologia levou eram no formato de relato de experiência, sobre a nossa percepção e construção, então ter esse reconhecimento das intervenções realizadas para o zumbido, que é uma condição de saúde de difícil tratamento, causada por muitos fatores e que necessita de muita orientação, foi muito importante para a equipe”, conta. 

Já na categoria de Linguagem, o trabalho premiado teve como primeira autora a preceptora multiprofissional fonoaudióloga Luana Aprígio, e consiste em uma pesquisa sobre o suporte às pessoas autista com necessidades complexas de comunicação. O trabalho analisa um método chamado Desenvolvimento das Habilidades Comunicacionais no Autismo (DHACA), que busca engajar crianças com o Transtorno do Espectro Autista no exercício da comunicação de forma lúdica e participativa.

O DHACA consiste em um modelo comunicacional na forma de um livro ilustrativo, voltado para a pessoa com TEA e para quem interage com essas pessoas. O método utiliza mensagens que indicam necessidades como comer, brincar, dormir, e perguntas como “o quê”, “quem”, “quando”, estabelecendo não apenas uma forma de falar, mas um processo comunicativo baseado na troca entre pessoas com e sem o TEA. 

A preceptora fonoaudióloga Luana Aprígio avalia que a oportunidade de propagar pesquisas como essa é fundamental para atingir os propósitos da metodologia DHACA de ser um instrumento utilizado no dia a dia e na rotina das pessoas com TEA e de seus parceiros de comunicação, na escola, em casa, ou outros locais públicos.  

“É importante socializar o conhecimento sobre essa estratégia, para que onde a pessoa com TEA vá, ela seja reconhecida e possa ser utilizada como um meio de desenvolver essas habilidades de comunicação e levar a efetividade que ela traz para fora da clínica e do atendimento”, complementa Luana.