Em palestra para o ISD, professor referência em saúde defende visão mais ampla no cuidado à população

Publicado en 22 de febrero de 2021

A política do trabalho e o cuidado em saúde, o cotidiano e a gestão no Sistema Único de Saúde (SUS) foram algumas das reflexões abordadas nesta segunda-feira (22) na palestra “Desafios para a produção de cuidado em saúde e a hegemonia do modelo biomédico” ministrada pelo médico e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Emerson Elias Merhy, aos residentes e preceptores do Centro de Educación e Investigación en Salud Anita Garibaldi, do Instituto Santos Dumont (ISD). 

A atividade, idealizada por alunos da Residencia Multiprofesional en Atención a la Salud de Personas con Discapacidad, teve como objetivo levantar o debate sobre os desafios no cuidado em saúde, relacionando teoria e prática das profissões da área. Para Giovanni Sampaio, residente de psicologia do Instituto, o momento foi importante para estimular o pensamento crítico sobre o trabalho na prática.

“É preciso que a gente faça o ‘link’ entre a teoria e a prática, para que nossa atuação seja cada vez mais contextualizada e compromissada com os preceitos do SUS, que é a nossa base e também a base dos estudos de Merhy. Nós escolhemos esse tema e o professor por essa relação entre o que ele estuda e o que fazemos aqui, porque o trabalho em saúde pede que estejamos sempre atentos para não perder aquilo que é básico na nossa profissão, o cuidado”, explica o residente. 

Dos 47 anos como médico, Emerson Elias Merhy passou 45 atuando na saúde pública. A prática de quase cinco décadas é base para pesquisas centradas na análise e reflexão da política do trabalho e do cuidado em saúde. O professor defende uma visão mais ampla sobre os usuários.

“No meu entendimento, todos os usuários são, antes de tudo, uma vida mais amplamente vivida, são muito mais do que apenas um usuário daquele serviço. E é preciso estar aberto a isso. Imagina você ser um profissional de saúde e não ter abertura para a presença do outro, se este outro é o que justifica que nós sejamos profissionais”, disse o professor durante a palestra. 

Merhy critica o modelo hegemônico da biomedicina que se refere aos pacientes como máquinas. “Eu aprendi na medicina, durante seis anos (de faculdade), que o outro é apenas um corpo, uma máquina que estava funcionando direitinho e deu algum problema, e eu sou um mecânico que precisa corrigir isso. Essa perspectiva não leva em consideração os encontros cotidianos, elementos-chave para a gente experimentar os saberes que temos e estarmos abertos a novos saberes”, observa.  

O médico e professor defende em suas pesquisas o chamado “modelo tecnoassistencial”, processo composto por tecnologias de trabalho em saúde, assistência e cuidado. Para Merhy, é preciso mudar o modelo assistencial hegemônico, ampliando o cuidado com investimentos em tecnologias relacionais, centradas nas necessidades dos usuários. 

Palestra aconteceu nesta segunda (22) por videoconferência transmitida no Anita/ISD. Foto: Kamila Tuenia

Educación Continua 

A palestra desta segunda (22), direcionada e organizada pelos residentes do Instituto, faz parte das ações de Educação Permanente do ISD e outros encontros com professores e pesquisadores da área da saúde devem ser promovidos ao longo do ano, segundo Giovanni Sampaio. 

“Esse é o primeiro passo que estamos dando nesse sentido, e momentos como essa palestra são muito caros para nós, residentes. Assim a gente pode estar discutindo e debatendo com grandes nomes que trazem novos olhares e perspectivas para as nossas áreas de atuação”, conta. 

Para a neuropsicóloga e coordenadora das atividades de ensino em saúde do ISD, Samantha Maranhão, o momento de formação contribui com a qualificação da equipe do Instituto. “O objetivo é justamente trazer uma visão do processo de trabalho em saúde centrada no cuidado. Palestras como essa atualizam e qualificam nossa equipe, em especial os residentes. Além disso, Merhy é um professor muito importante de representação nacional e internacional em saúde coletiva e trabalho no SUS”, afirma. 

Emerson Elias Merhy possui graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo, mestrado em Medicina (Medicina Preventiva) pela Universidade de São Paulo e doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas. Livre-docente em Planejamento e Gestão em Saúde, pela Unicamp e professor titular de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É Professor Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Rosario, Argentina, professor do Mestrado Profissional em Atenção Primária em Saúde da UFRJ e Professor Permanente da Pós Graduação do Instituto de Psicologia da UFRJ – EICOS. 

Consultoría de comunicación
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

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A atividade, idealizada por alunos da Residencia Multiprofesional en Atención a la Salud de Personas con Discapacidad, teve como objetivo levantar o debate sobre os desafios no cuidado em saúde, relacionando teoria e prática das profissões da área. Para Giovanni Sampaio, residente de psicologia do Instituto, o momento foi importante para estimular o pensamento crítico sobre o trabalho na prática.

“É preciso que a gente faça o ‘link’ entre a teoria e a prática, para que nossa atuação seja cada vez mais contextualizada e compromissada com os preceitos do SUS, que é a nossa base e também a base dos estudos de Merhy. Nós escolhemos esse tema e o professor por essa relação entre o que ele estuda e o que fazemos aqui, porque o trabalho em saúde pede que estejamos sempre atentos para não perder aquilo que é básico na nossa profissão, o cuidado”, explica o residente. 

Dos 47 anos como médico, Emerson Elias Merhy passou 45 atuando na saúde pública. A prática de quase cinco décadas é base para pesquisas centradas na análise e reflexão da política do trabalho e do cuidado em saúde. O professor defende uma visão mais ampla sobre os usuários.

“No meu entendimento, todos os usuários são, antes de tudo, uma vida mais amplamente vivida, são muito mais do que apenas um usuário daquele serviço. E é preciso estar aberto a isso. Imagina você ser um profissional de saúde e não ter abertura para a presença do outro, se este outro é o que justifica que nós sejamos profissionais”, disse o professor durante a palestra. 

Merhy critica o modelo hegemônico da biomedicina que se refere aos pacientes como máquinas. “Eu aprendi na medicina, durante seis anos (de faculdade), que o outro é apenas um corpo, uma máquina que estava funcionando direitinho e deu algum problema, e eu sou um mecânico que precisa corrigir isso. Essa perspectiva não leva em consideração os encontros cotidianos, elementos-chave para a gente experimentar os saberes que temos e estarmos abertos a novos saberes”, observa.  

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Palestra aconteceu nesta segunda (22) por videoconferência transmitida no Anita/ISD. Foto: Kamila Tuenia

Educación Continua 

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“Esse é o primeiro passo que estamos dando nesse sentido, e momentos como essa palestra são muito caros para nós, residentes. Assim a gente pode estar discutindo e debatendo com grandes nomes que trazem novos olhares e perspectivas para as nossas áreas de atuação”, conta. 

Para a neuropsicóloga e coordenadora das atividades de ensino em saúde do ISD, Samantha Maranhão, o momento de formação contribui com a qualificação da equipe do Instituto. “O objetivo é justamente trazer uma visão do processo de trabalho em saúde centrada no cuidado. Palestras como essa atualizam e qualificam nossa equipe, em especial os residentes. Além disso, Merhy é um professor muito importante de representação nacional e internacional em saúde coletiva e trabalho no SUS”, afirma. 

Emerson Elias Merhy possui graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo, mestrado em Medicina (Medicina Preventiva) pela Universidade de São Paulo e doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas. Livre-docente em Planejamento e Gestão em Saúde, pela Unicamp e professor titular de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É Professor Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Rosario, Argentina, professor do Mestrado Profissional em Atenção Primária em Saúde da UFRJ e Professor Permanente da Pós Graduação do Instituto de Psicologia da UFRJ – EICOS. 

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