A redução da mortalidade materna ainda é um desafio mundial, que se torna ainda mais difícil de ser vencido em países em desenvolvimento, como o Brasil. Ao longo do ano passado, 1.850 mulheres morreram em decorrência da gestação, do parto ou puerpério (período pós-parto) no país. No Rio Grande do Norte, 30 óbitos nessas circunstâncias foram notificados ao Ministério da Saúde (MS). De janeiro a maio deste ano, o Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna do MS registrou 14 mortes maternas. Na maioria dos casos, essas mortes poderiam ter sido evitadas. Para reduzir ainda mais os índices, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN), em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) e o Ministério da Saúde, realizam um ciclo de oficinas de capacitação intituladas “Estratégia Zero Morte Materna por Hemorragias – 0MMxH”. O Instituto Santos Dumont (ISD) é uma das instituições participantes.
“A maioria absoluta desses óbitos são evitáveis por boas práticas de cuidados obstétricos há muito tempo reconhecidos por toda a comunidade de profissionais e gestores de saúde, mas ainda não efetivamente incorporados na assistência das mulheres potiguares e brasileiras. Poder planejar e decidir quando engravidar, ter as garantias do cuidado pré-natal e da vinculação com uma maternidade de referência para o parto, sem precisar peregrinar para conseguir um lugar para parir, são direitos essenciais que nossa sociedade ainda não assegura a todas as mulheres”, ressalta o diretor-geral do Instituto Santos Dumont, o médico ginecologista e obstetra Reginaldo Freitas Júnior, instrutor nacional da Estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia da OPAS/OMS no Brasil.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em boletim divulgado em 2020, “as altas taxas encontradas configuram um grave problema de saúde pública, atingindo desigualmente as regiões brasileiras, com maior prevalência entre mulheres das classes sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais. Se configura como uma das mais graves violações dos direitos humanos das mulheres, por ser uma tragédia evitável em 92% dos casos e por ocorrer principalmente nos países em desenvolvimento”. As capacitações ministradas pela representação da OPAS/OMS no Brasil visam promover o esforço coletivo de gestores e profissionais de saúde para acelerar a redução da morbimortalidade grave no Brasil.
Essa estratégia está inserida no Plano Estadual para Redução da Mortalidade Materna. O Hospital José Pedro Bezerra, conhecido como Hospital Santa Catarina, é o primeiro serviço do Rio Grande do Norte a ter suas equipes de obstetras, enfermeiros e anestesistas treinados por meio dessa metodologia, que envolve o uso de simulação realística. A iniciativa acontece no Estado articulada pela Sesap, por meio da Coordenação de Redes de Atenção e Linhas de Cuidado e da Rede de Atenção à Saúde Materno Infantil. No total, pelo menos 150 profissionais serão capacitados em oficinas que iniciaram em agosto e seguem até meados de setembro. A terceira turma foi capacitada nesta terça-feira (31/08) e mais duas serão ao longo de setembro.
“Ajudar o Rio Grande do Norte a reduzir a mortalidade materna por hemorragia, apoiando a qualificação de enfermeiros e médicos é um importante caminho para construir competências profissionais comprometidas com a manutenção da vida e com a saúde das mulheres. Essas oficinas nos permitem conhecer um pouco das práticas do dia a dia dos profissionais do Estado e, assim, contribuir com a implantação de protocolos assistenciais para a qualificação do atendimento às emergências obstétricas hemorrágicas”, ressalta Mônica Iassanã, enfermeira obstétrica e instrutora nacional da Estratégia 0MMxH.
Público-alvo
O público-alvo da capacitação são profissionais da unidade hospitalar escolhida para a estratégia: o Hospital Dr. José Pedro Bezerra (Santa Catarina), além da participação de profissionais da rede estadual de saúde.
A oficina busca estimular a formação de equipes multidisciplinares, qualificadas e organizadas para o enfrentamento às emergências obstétricas, além de incentivar a adoção de protocolos para prevenção, diagnóstico e tratamento da hemorragia pós-parto, motivar mudanças nos processos de trabalho e fluxos assistenciais, discutir a situação das emergências obstétricas e da organização da rede materno-infantil.
O treinamento reúne teoria e prática, para fixar a proposta de utilização de sequenciamento na abordagem da hemorragia pós-parto, ao usar tecnologias para enfrentamento ao choque hemorrágico – traje anti choque não pneumático (TAN), balões de tamponamento intrauterino, suturas hemostáticas e código vermelho –, inclusive com estações de simulação realística.
Calendário
Veja abaixo quando serão ministradas as próximas capacitações:
Quarta turma
Dias: 14/09 – Das 08h às 18h
15/09 – Das 08h às 13h
Quinta turma
Dias: 16/09 – Das 08h às 18h
17/09 – Das 08h às 13h
Text: Ricardo Araújo / Ascom – ISD
Photograph: Cedida / Ascom – Sesap/RN
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Santos Dumont Institute (ISD)
It is a Social Organization linked to the Ministry of Education (MEC) and includes the Edmond and Lily Safra International Institute of Neurosciences and the Anita Garibaldi Health Education and Research Center, both in Macaíba. ISD's mission is to promote education for life, forming citizens through integrated teaching, research and extension actions, in addition to contributing to a fairer and more humane transformation of Brazilian social reality.