"Violence against women is everyone's problem", says ISD preceptor in a class on public policies aimed at gender violence

Posted in 29 de May de 2021
Aula foi ministrada na última quarta-feira (26) como parte da disciplina Educação para a Cidadania Global, do ISD: Alunas e alunos dos programas de pós-graduação do Instituto participam presencialmente ou de forma remota

Desigualdade, silenciamento, negação de direitos, solidão, dor, insegurança. As palavras surgiram como resposta à pergunta “O que é violência de gênero para você?”, durante aula ministrada nesta semana pela preceptora multiprofissional assistente social do Instituto Santos Dumont (ISD), Renata Rocha, para a disciplina Educação para a Cidadania Global, do Instituto. 

A disciplina é ofertada a alunos dos programas de pós-graduação do ISD e, nesta aula, realizada quarta-feira (26), teve como tema  “Políticas públicas voltadas para a violência de gênero”.

Renata Rocha é doutora em Ciências da Educação pela Universidade do Porto e pós-doutora em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ela pesquisa questões relacionadas à violência há aproximadamente 19 anos.

“Historicamente a sociedade normaliza que as mulheres sejam inferiorizadas, violentadas e vitimadas, isso se vale pelo domínio patriarcal que é o padrão social, do homem sempre ter mais poder e razão”, disse a preceptora diante de alunas e alunos da Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência e do Mestrado em Neuroengenharia do ISD.

Segundo Renata, a violência contra a mulher é abertamente permitida e até estimulada em diversos espaços. 

Violência física, moral, sexual e psicológica. Vários tipos de violência acabam afetando a vida das mulheres em algum momento de suas vidas, alertou ela. 

 

A disciplina Educação para a Cidadania Global é ministrada pelo professor-pesquisador e diretor-geral do ISD, Reginaldo Freitas Júnior (que aparece com o computador na foto), e recebe convidados para exposições sobre temas diversos | Foto: Giovanni Sampaio

COMO IDENTIFICAR A VIOLÊNCIA DE GÊNERO?

Isolamento social, transtornos psicológicos, companheiro muito controlador, lesões físicas, tentativas de suicídio e dores sem explicação são alguns dos sinais que podem alertar para a ocorrência de violência de gênero. Tais sinais precisam ser observados não só no corpo – gerados pela violência física -, mas também no comportamento. 

Para Renata, os profissionais de saúde, independentemente de suas áreas de concentração, precisam estar atentos aos sinais de violência. “A violência contra as mulheres é problema de todos e todas. E nós, como profissionais de saúde, temos um importante papel na atenção, cuidado, prevenção e enfrentamento desse tipo de violência que atinge a vida de milhares de mulheres e meninas todos os dias. Precisamos entender que em muitos casos, vamos lidar com vozes silenciadas, então é preciso ter uma escuta qualificada e especializada”, diz a assistente social. 

O ideal, segundo a preceptora, é que a prevenção aconteça e garanta uma vida sem violências, mas o cuidado pós-violência acaba sendo mais frequente e precisa estar pautado no diagnóstico da situação, no tratamento das consequências e na prevenção de novos episódios de violência, ou seja, é preciso quebrar o ciclo de abusos. 

“O acompanhamento multiprofissional é completamente necessário para ajudar essas vítimas, serviço social, psicologia, enfermagem e outras áreas, a depender de cada caso, podem atuar juntas e auxiliar essa vítima a sair do ciclo de violência. Esse é um processo difícil, sobretudo quando a gente vive uma realidade em que a maior parte dos violentadores estão dentro do círculo familiar ou afetivo mas não é impossível”, relata Renata Rocha. 

“Serviço social, psicologia, enfermagem e outras áreas, a depender de cada caso, podem atuar juntas e auxiliar essa vítima a sair do ciclo de violência”, disse Renata Rocha durante a aula | Foto: Renata Moura

ATITUDES

Para o diretor-geral do ISD e professor à frente da disciplina Educação para a Cidadania Global, Reginaldo Freitas Júnior, existem atitudes, informações e condutas que todo profissional de saúde inserido na rede de cuidados a pessoas em situação de violência deve saber. “As políticas públicas, conceitos, caminhos, a urgência daquele atendimento, o respeito ao processo de cada vítima, são alguns dos exemplos do que nós, que estamos sujeitos a essa demanda diariamente, precisamos estar atentos. É preciso lembrar também que estamos numa realidade de cuidado à saúde da pessoa com deficiência e que a mulher com deficiência está inserida em uma condição de dupla vulnerabilidade”, disse. 

Entre as atitudes que competem aos profissionais da rede de atenção à pessoa em situação de violência, estão ainda “respeito à individualidade, utilização de linguagem clara e compreensível, explicação dos procedimentos e tranquilização da paciente, passando segurança”, completa a assistente social Renata Rocha. 

DADOS 

A violência contra a mulher é um indicador social que possui dados alarmantes. De acordo com informações do Instituto Maria da Penha divulgadas em 2020, estima-se que a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil.

O dado mais recente – divulgado também em 2020 – sobre feminicídios no país é do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e mostra que em 2018 1.206 mulheres foram assassinadas. As mortes, porém, foram registradas como feminicídio. Ou seja, quando a vítima morre por causa do seu gênero.

Já no Rio Grande do Norte, os dados mais recentes da Secretaria Estadual de Saúde Pública (SESAP/RN), mostram que a pandemia gerou aumento na ocorrência de casos de violência doméstica. Só no primeiro semestre de 2020, houve aumento de 31% nos casos notificados, em relação ao mesmo período de 2019. Foram, no total, 2014 mulheres violentadas em suas casas, por familiares ou companheiros. 

Clique no post abaixo, do @isdnarede – perfil do ISD no Instagram – para ler depoimento de mulher vítima de violência.

 
 
 
 
 
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SDG 

Segundo os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), a igualdade de gênero não é apenas um direito humano fundamental, mas a base necessária para a construção de um mundo pacífico, próspero e sustentável. O esforço de alcance do ODS 5 é transversal à toda Agenda 2030 e aponta que a igualdade de gênero tem efeitos multiplicadores no desenvolvimento sustentável.

O objetivo que se refere à igualdade de gênero visa assegurar melhores condições de vida a mulheres e meninas, não apenas nas áreas de saúde, educação e trabalho, mas especialmente no combate às discriminações e violências baseadas no gênero e na promoção do empoderamento, para que possam atuar enfaticamente na promoção do desenvolvimento sustentável, por meio da participação na política, na economia, e em diversas áreas de tomada de decisão.

Os ODS incluem metas globais que estão no centro da atuação do Instituto Santos Dumont, a exemplo de educação de qualidade, saúde e bem estar, inovação, empoderamento de mulheres e meninas e construção de uma sociedade antirracista. 

Text: Kamila Tuenia – Journalism Intern / Ascom – ISD

Supervisão e edição de texto: Renata Moura – Journalist / Ascom – ISD

Communication Office
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Santos Dumont Institute (ISD)

It is a Social Organization linked to the Ministry of Education (MEC) and includes the Edmond and Lily Safra International Institute of Neurosciences and the Anita Garibaldi Health Education and Research Center, both in Macaíba. ISD's mission is to promote education for life, forming citizens through integrated teaching, research and extension actions, in addition to contributing to a fairer and more humane transformation of Brazilian social reality.

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Desigualdade, silenciamento, negação de direitos, solidão, dor, insegurança. As palavras surgiram como resposta à pergunta “O que é violência de gênero para você?”, durante aula ministrada nesta semana pela preceptora multiprofissional assistente social do Instituto Santos Dumont (ISD), Renata Rocha, para a disciplina Educação para a Cidadania Global, do Instituto. 

A disciplina é ofertada a alunos dos programas de pós-graduação do ISD e, nesta aula, realizada quarta-feira (26), teve como tema  “Políticas públicas voltadas para a violência de gênero”.

Renata Rocha é doutora em Ciências da Educação pela Universidade do Porto e pós-doutora em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ela pesquisa questões relacionadas à violência há aproximadamente 19 anos.

“Historicamente a sociedade normaliza que as mulheres sejam inferiorizadas, violentadas e vitimadas, isso se vale pelo domínio patriarcal que é o padrão social, do homem sempre ter mais poder e razão”, disse a preceptora diante de alunas e alunos da Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência e do Mestrado em Neuroengenharia do ISD.

Segundo Renata, a violência contra a mulher é abertamente permitida e até estimulada em diversos espaços. 

Violência física, moral, sexual e psicológica. Vários tipos de violência acabam afetando a vida das mulheres em algum momento de suas vidas, alertou ela. 

 

A disciplina Educação para a Cidadania Global é ministrada pelo professor-pesquisador e diretor-geral do ISD, Reginaldo Freitas Júnior (que aparece com o computador na foto), e recebe convidados para exposições sobre temas diversos | Foto: Giovanni Sampaio

COMO IDENTIFICAR A VIOLÊNCIA DE GÊNERO?

Isolamento social, transtornos psicológicos, companheiro muito controlador, lesões físicas, tentativas de suicídio e dores sem explicação são alguns dos sinais que podem alertar para a ocorrência de violência de gênero. Tais sinais precisam ser observados não só no corpo – gerados pela violência física -, mas também no comportamento. 

Para Renata, os profissionais de saúde, independentemente de suas áreas de concentração, precisam estar atentos aos sinais de violência. “A violência contra as mulheres é problema de todos e todas. E nós, como profissionais de saúde, temos um importante papel na atenção, cuidado, prevenção e enfrentamento desse tipo de violência que atinge a vida de milhares de mulheres e meninas todos os dias. Precisamos entender que em muitos casos, vamos lidar com vozes silenciadas, então é preciso ter uma escuta qualificada e especializada”, diz a assistente social. 

O ideal, segundo a preceptora, é que a prevenção aconteça e garanta uma vida sem violências, mas o cuidado pós-violência acaba sendo mais frequente e precisa estar pautado no diagnóstico da situação, no tratamento das consequências e na prevenção de novos episódios de violência, ou seja, é preciso quebrar o ciclo de abusos. 

“O acompanhamento multiprofissional é completamente necessário para ajudar essas vítimas, serviço social, psicologia, enfermagem e outras áreas, a depender de cada caso, podem atuar juntas e auxiliar essa vítima a sair do ciclo de violência. Esse é um processo difícil, sobretudo quando a gente vive uma realidade em que a maior parte dos violentadores estão dentro do círculo familiar ou afetivo mas não é impossível”, relata Renata Rocha. 

“Serviço social, psicologia, enfermagem e outras áreas, a depender de cada caso, podem atuar juntas e auxiliar essa vítima a sair do ciclo de violência”, disse Renata Rocha durante a aula | Foto: Renata Moura

ATITUDES

Para o diretor-geral do ISD e professor à frente da disciplina Educação para a Cidadania Global, Reginaldo Freitas Júnior, existem atitudes, informações e condutas que todo profissional de saúde inserido na rede de cuidados a pessoas em situação de violência deve saber. “As políticas públicas, conceitos, caminhos, a urgência daquele atendimento, o respeito ao processo de cada vítima, são alguns dos exemplos do que nós, que estamos sujeitos a essa demanda diariamente, precisamos estar atentos. É preciso lembrar também que estamos numa realidade de cuidado à saúde da pessoa com deficiência e que a mulher com deficiência está inserida em uma condição de dupla vulnerabilidade”, disse. 

Entre as atitudes que competem aos profissionais da rede de atenção à pessoa em situação de violência, estão ainda “respeito à individualidade, utilização de linguagem clara e compreensível, explicação dos procedimentos e tranquilização da paciente, passando segurança”, completa a assistente social Renata Rocha. 

DADOS 

A violência contra a mulher é um indicador social que possui dados alarmantes. De acordo com informações do Instituto Maria da Penha divulgadas em 2020, estima-se que a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil.

O dado mais recente – divulgado também em 2020 – sobre feminicídios no país é do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e mostra que em 2018 1.206 mulheres foram assassinadas. As mortes, porém, foram registradas como feminicídio. Ou seja, quando a vítima morre por causa do seu gênero.

Já no Rio Grande do Norte, os dados mais recentes da Secretaria Estadual de Saúde Pública (SESAP/RN), mostram que a pandemia gerou aumento na ocorrência de casos de violência doméstica. Só no primeiro semestre de 2020, houve aumento de 31% nos casos notificados, em relação ao mesmo período de 2019. Foram, no total, 2014 mulheres violentadas em suas casas, por familiares ou companheiros. 

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Segundo os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), a igualdade de gênero não é apenas um direito humano fundamental, mas a base necessária para a construção de um mundo pacífico, próspero e sustentável. O esforço de alcance do ODS 5 é transversal à toda Agenda 2030 e aponta que a igualdade de gênero tem efeitos multiplicadores no desenvolvimento sustentável.

O objetivo que se refere à igualdade de gênero visa assegurar melhores condições de vida a mulheres e meninas, não apenas nas áreas de saúde, educação e trabalho, mas especialmente no combate às discriminações e violências baseadas no gênero e na promoção do empoderamento, para que possam atuar enfaticamente na promoção do desenvolvimento sustentável, por meio da participação na política, na economia, e em diversas áreas de tomada de decisão.

Os ODS incluem metas globais que estão no centro da atuação do Instituto Santos Dumont, a exemplo de educação de qualidade, saúde e bem estar, inovação, empoderamento de mulheres e meninas e construção de uma sociedade antirracista. 

Text: Kamila Tuenia – Journalism Intern / Ascom – ISD

Supervisão e edição de texto: Renata Moura – Journalist / Ascom – ISD

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