RN lidera ranking que considera indicadores de detecção de HIV e mortalidade por aids no Nordeste

Posted in 20 de December de 2022

Com 51% dos 1.345 óbitos por aids da última década registrados nos últimos cinco anos, o Rio Grande do Norte ocupa o primeiro lugar do Nordeste e sétimo do Brasil no ranking elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde que considera os indicadores de detecção do HIV e mortalidade por aids entre 2017 e 2021. Os dados destacam a importância de ampliar a discussão sobre a infecção pelo vírus HIV, com a maior disseminação de informações sobre as múltiplas medidas de prevenção e tratamento para a doença. No ano de 2020, a região Nordeste registrou 25% dos 32.701 casos de infecção pelo HIV no Brasil. 

 

De 2020 para 2021, a detecção de HIV caiu de 1122 para 809. Em contrapartida, houve um aumento de 17% nos casos de aids, de 588 em 2020 para 693 em 2021. A paralisação dos serviços de saúde e necessidade de interrupção de atendimentos que deveriam acontecer regularmente, podem ter sido a causa de haver, simultaneamente, uma diminuição na detecção e um aumento do nível grave da infecção. 

 

Para a preceptora infectologista do Instituto Santos Dumont (ISD) Manoella Alves, a pandemia trouxe “inúmeros prejuízos para doenças que possuíam necessidade de cuidado rotineiro”, não apenas no cenário de HIV e aids, mas em pessoas com hipertensão, diabetes e endocrinopatias. 

 

“Houve um prejuízo nos atendimentos de rotina, e isso fez com que novos diagnósticos não fossem feitos. Além disso, as pessoas tiveram dificuldades de chegar aos serviços de saúde. A perspectiva agora é que essas atividades já tenham sido retomadas e que as pessoas estejam sendo cuidadas adequadamente”, complementa a infectologista. 

 

O HIV é o vírus da imunodeficiência humana, que é transmitido mais comumente por meio da relação sexual desprotegida, e age principalmente no enfraquecimento do sistema de defesa do corpo. A aids, por sua vez, é a doença crônica que se origina do agravamento da infecção por HIV, quando as defesas estão em níveis extremamente baixos e o corpo passa a se tornar incapaz de combater outras infecções. Esse agravamento não ocorre imediatamente após a infecção: o vírus do HIV é considerado silencioso, podendo levar anos até o indivíduo infectado manifestar algum sintoma. Por isso, é importante a prevenção e a detecção o mais cedo possível. 

 

Ainda segundo a preceptora infectologista Manoella Alves, para se prevenir é necessário  conhecer a infecção e saber como se proteger

 

“O que as pessoas precisam saber é que a principal forma de transmissão do HIV é via sexual. Então, sempre que a relação sexual, seja qual for, é desprotegida, existe a chance de contaminação caso uma das pessoas esteja infectada. Muitas vezes o HIV é silencioso no início, então mesmo que a pessoa esteja saudável no momento, pode já ter a infecção e transmití-la”, explica.

 

Também é fundamental disseminar o conhecimento sobre medidas básicas de prevenção, que devem ser naturalizadas como meios de cuidado a serem adotados no dia-a-dia por todas as pessoas, em qualquer relacionamento. São diversas as estratégias que reduzem ou evitam o aumento de infecções pelo HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), que juntas, compõem a “Mandala da Prevenção Combinada”, política estabelecida pelo Ministério da Saúde e adotada por profissionais da área. 

 

“As estratégias podem ser: a utilização de preservativos e gel lubrificante durante as relações sexuais; diagnosticar e tratar as pessoas que têm alguma infecção sexualmente transmissível, incluindo o HIV; fazer a Profilaxia Pós-Exposição, depois de uma possível exposição ao HIV; a Profilaxia Pré-Exposição, voltada para a proteção contra o vírus e as imunizações, que consistem basicamente estar em dia com as vacinas  contra as doenças como o HPV e hepatite”, explica Manoella.

 

A infectologista reforça que essas medidas podem ser combinadas, a fim de se obter uma forma mais completa de prevenção e cuidado, sendo possível, por exemplo, fazer o uso do preservativo e Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP). 

 

Cuidado com gestantes

Por muitos anos, o HIV e a aids foram associadas à população LGBTQIA+. Entretanto, a infecção pelo vírus é uma realidade em toda a sociedade, inclusive entre gestantes e crianças. Entre as gestantes, os números também demonstram crescimento no estado. De 2017 a 2021, foram registrados 494 casos de infecção por HIV nesse público. Em comparação aos cinco anos anteriores, 2012 a 2016, houve um aumento de 17%.

 

A infectologista Manoella Alves reforça a importância da gestante manter o mesmo cuidado que as demais pessoas: evitar relações sexuais sem proteção. Existe, no entanto, um risco adicional para esse público, devido à possibilidade de transmissão vertical, que de acordo com o  Boletim Epidemiológico da Sesap de 2021, é a categoria de exposição predominante nos casos de crianças infectadas com o HIV, atingindo o percentual de 76,9%. 

 

Se a gestante testa positivo durante a gestação, inicia-se o tratamento para tornar a carga viral indetectável, isto é, deixá-la em níveis tão baixos que não se consegue detectar o vírus no sangue. Isso não representa a cura para a infecção, mas diminui consideravelmente a chance de transmissão na gestação e no parto. 

 

De acordo com Manoella, ter o HIV não impede que as mulheres engravidem, mas é de suma importância saber o diagnóstico antes de engravidar, para que seja possível organizar a gestação de forma que o bebê nasça saudável. “Na gestação, de acordo com os exames será possível dizer qual o tipo de parto a mulher deve ser submetida (normal ou cesariana) e no momento do parto são instituídos também alguns outros protocolos, tanto para a gestante como para a criança, para que no final tenhamos uma criança não infectada pelo HIV”, explica a infectologista.

 

Text: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Photograph: Ascom – ISD

Communication Office
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Santos Dumont Institute (ISD)

It is a Social Organization linked to the Ministry of Education (MEC) and includes the Edmond and Lily Safra International Institute of Neurosciences and the Anita Garibaldi Health Education and Research Center, both in Macaíba. ISD's mission is to promote education for life, forming citizens through integrated teaching, research and extension actions, in addition to contributing to a fairer and more humane transformation of Brazilian social reality.

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Com 51% dos 1.345 óbitos por aids da última década registrados nos últimos cinco anos, o Rio Grande do Norte ocupa o primeiro lugar do Nordeste e sétimo do Brasil no ranking elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde que considera os indicadores de detecção do HIV e mortalidade por aids entre 2017 e 2021. Os dados destacam a importância de ampliar a discussão sobre a infecção pelo vírus HIV, com a maior disseminação de informações sobre as múltiplas medidas de prevenção e tratamento para a doença. No ano de 2020, a região Nordeste registrou 25% dos 32.701 casos de infecção pelo HIV no Brasil. 

 

De 2020 para 2021, a detecção de HIV caiu de 1122 para 809. Em contrapartida, houve um aumento de 17% nos casos de aids, de 588 em 2020 para 693 em 2021. A paralisação dos serviços de saúde e necessidade de interrupção de atendimentos que deveriam acontecer regularmente, podem ter sido a causa de haver, simultaneamente, uma diminuição na detecção e um aumento do nível grave da infecção. 

 

Para a preceptora infectologista do Instituto Santos Dumont (ISD) Manoella Alves, a pandemia trouxe “inúmeros prejuízos para doenças que possuíam necessidade de cuidado rotineiro”, não apenas no cenário de HIV e aids, mas em pessoas com hipertensão, diabetes e endocrinopatias. 

 

“Houve um prejuízo nos atendimentos de rotina, e isso fez com que novos diagnósticos não fossem feitos. Além disso, as pessoas tiveram dificuldades de chegar aos serviços de saúde. A perspectiva agora é que essas atividades já tenham sido retomadas e que as pessoas estejam sendo cuidadas adequadamente”, complementa a infectologista. 

 

O HIV é o vírus da imunodeficiência humana, que é transmitido mais comumente por meio da relação sexual desprotegida, e age principalmente no enfraquecimento do sistema de defesa do corpo. A aids, por sua vez, é a doença crônica que se origina do agravamento da infecção por HIV, quando as defesas estão em níveis extremamente baixos e o corpo passa a se tornar incapaz de combater outras infecções. Esse agravamento não ocorre imediatamente após a infecção: o vírus do HIV é considerado silencioso, podendo levar anos até o indivíduo infectado manifestar algum sintoma. Por isso, é importante a prevenção e a detecção o mais cedo possível. 

 

Ainda segundo a preceptora infectologista Manoella Alves, para se prevenir é necessário  conhecer a infecção e saber como se proteger

 

“O que as pessoas precisam saber é que a principal forma de transmissão do HIV é via sexual. Então, sempre que a relação sexual, seja qual for, é desprotegida, existe a chance de contaminação caso uma das pessoas esteja infectada. Muitas vezes o HIV é silencioso no início, então mesmo que a pessoa esteja saudável no momento, pode já ter a infecção e transmití-la”, explica.

 

Também é fundamental disseminar o conhecimento sobre medidas básicas de prevenção, que devem ser naturalizadas como meios de cuidado a serem adotados no dia-a-dia por todas as pessoas, em qualquer relacionamento. São diversas as estratégias que reduzem ou evitam o aumento de infecções pelo HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), que juntas, compõem a “Mandala da Prevenção Combinada”, política estabelecida pelo Ministério da Saúde e adotada por profissionais da área. 

 

“As estratégias podem ser: a utilização de preservativos e gel lubrificante durante as relações sexuais; diagnosticar e tratar as pessoas que têm alguma infecção sexualmente transmissível, incluindo o HIV; fazer a Profilaxia Pós-Exposição, depois de uma possível exposição ao HIV; a Profilaxia Pré-Exposição, voltada para a proteção contra o vírus e as imunizações, que consistem basicamente estar em dia com as vacinas  contra as doenças como o HPV e hepatite”, explica Manoella.

 

A infectologista reforça que essas medidas podem ser combinadas, a fim de se obter uma forma mais completa de prevenção e cuidado, sendo possível, por exemplo, fazer o uso do preservativo e Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP). 

 

Cuidado com gestantes

Por muitos anos, o HIV e a aids foram associadas à população LGBTQIA+. Entretanto, a infecção pelo vírus é uma realidade em toda a sociedade, inclusive entre gestantes e crianças. Entre as gestantes, os números também demonstram crescimento no estado. De 2017 a 2021, foram registrados 494 casos de infecção por HIV nesse público. Em comparação aos cinco anos anteriores, 2012 a 2016, houve um aumento de 17%.

 

A infectologista Manoella Alves reforça a importância da gestante manter o mesmo cuidado que as demais pessoas: evitar relações sexuais sem proteção. Existe, no entanto, um risco adicional para esse público, devido à possibilidade de transmissão vertical, que de acordo com o  Boletim Epidemiológico da Sesap de 2021, é a categoria de exposição predominante nos casos de crianças infectadas com o HIV, atingindo o percentual de 76,9%. 

 

Se a gestante testa positivo durante a gestação, inicia-se o tratamento para tornar a carga viral indetectável, isto é, deixá-la em níveis tão baixos que não se consegue detectar o vírus no sangue. Isso não representa a cura para a infecção, mas diminui consideravelmente a chance de transmissão na gestação e no parto. 

 

De acordo com Manoella, ter o HIV não impede que as mulheres engravidem, mas é de suma importância saber o diagnóstico antes de engravidar, para que seja possível organizar a gestação de forma que o bebê nasça saudável. “Na gestação, de acordo com os exames será possível dizer qual o tipo de parto a mulher deve ser submetida (normal ou cesariana) e no momento do parto são instituídos também alguns outros protocolos, tanto para a gestante como para a criança, para que no final tenhamos uma criança não infectada pelo HIV”, explica a infectologista.

 

Text: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

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