Um estudo divulgado no dia 27 de agosto no portal da revista médica internacional ‘The Lancet’, aponta que a variante delta do novo coronavírus pode duplicar o risco de internação em pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose ou não concluíram o ciclo de imunização contra a covid-19. Números do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), solicitados pelo Instituto Santos Dumont (ISD), apontam que aproximadamente 60,3 mil pessoas estão com o ciclo vacinal atrasado no Estado. Dessas, cerca de 20,5 mil são idosos com 60 anos ou mais de idade, um dos grupos de risco para a doença.
“A variante delta foi primeiro identificada na Índia, e a gente já sabe que ela tem uma chance de transmissão maior do que as outras variantes que vimos circulando no nosso país até então. A gente já sabe que ela passa duas vezes mais facilmente do que as outras variantes. Em estudo publicado três dias atrás na revista The Lancet, também se mostrou que a variante delta em pacientes não vacinados aumenta a chance de complicações por covid e do paciente precisar ser hospitalizado”, alerta a preceptora médica em Infectologia do ISD, Carolina Damásio.
Ela destaca, ainda, que as pessoas que não tomaram a dose única da vacina contra a covid-19 ou que não concluíram o ciclo vacinal com as duas doses, devem manter as regras sanitárias contra a doença e, de preferência, procurar uma Unidade Básica de Saúde ou os pontos de drive-thru disponibilizados pelos Municípios para concluir a imunização. “Para os pacientes que ainda não estão vacinados e que ainda não tomaram as duas doses completas, no caso das vacinas que são duas doses, a orientação é continuar com as medidas de prevenção. Elas são eficazes contra a variante delta. Então, usar máscara, manter o distanciamento e evitar aglomerações. Essas são as recomendações para todo mundo e, principalmente, para quem não tem as duas doses da vacina. Quem está com a vacina atrasada, deve correr para se vacinar. As vacinas são eficazes em prevenir internações e complicações por covid”, frisa Carolina Damásio. Em todo o Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, mais de 8,5 milhões de pessoas estão com o esquema de imunização atrasado.
A infectologista, que além de atuar no Instituto Santos Dumont (ISD), trabalha em hospital de referência para o tratamento da covid-19 no Rio Grande do Norte, comenta que o risco de uma terceira onda da doença é real. Nos Estados Unidos, os Estados da Flórida e Texas concentram o maior número de casos da nova cepa. “Eu acho que essa possibilidade é bem real. Nos Estados Unidos, a maioria dos Estados tinham uma vacinação mais à frente do que a nossa, e agora estão sofrendo em muitos locais, e muitos Estados têm cidades com número maior de pacientes internados do que se teve em toda a pandemia. Isso é um alerta para corrermos com a vacinação e, ao mesmo tempo, não relaxarmos com as medidas de proteção”.
Transmissão comunitária
No Rio Grande do Norte, a circulação da variante delta foi confirmada pelo Instituto de Medicina Tropical (IMT/UFRN). Pelo menos duas pessoas foram diagnosticadas com a nova cepa da covid-19. Ambas, sem histórico vacinal para a doença. Na semana passada, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS Natal) confirmou mais uma ocorrência da doença e constatou, com isso, que há transmissão comunitária da nova cepa. Isso ocorre quando não é mais possível identificar a origem/transmissão da infecção.
Conforme a SMS Natal, quando não é possível identificar a fonte de transmissão de uma doença, significa que o vírus está em circulação no ambiente. “Ou seja, já existe uma transmissão comunitária na capital”, afirma Juliana Araújo, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da SMS Natal. O apelo que a pasta municipal refaz é que as pessoas completem seu esquema vacinal e não se descuidem das medidas protetivas, como lavar as mãos, usar máscaras e evitar aglomerações. Em todo o Brasil, mais de 1.500 pessoas já foram infectadas pela variante delta do coronavírus.
Text: Ricardo Araújo / Ascom – ISD
Photograph: Ricardo Araújo / Ascom – ISD
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