Durante os últimos dois anos, um aumento considerável dos casos de depressão e ansiedade tem sido observado no país e em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, durante o primeiro ano de pandemia, os índices globais aumentaram mais de 25%. No Brasil, de acordo com a pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde, 11,3% dos brasileiros receberam um diagnóstico médico de depressão entre os anos de 2021 e 2022. Dois importantes grupos podem fazer a diferença no combate ao adoecimento mental: a família e os profissionais de saúde.
Segundo especialistas, a participação efetiva da família e dos amigos é fundamental. A atenção a certos sinais e a abertura para o diálogo constante fortalecem o que se chama de cuidado em rede de apoio, elemento-chave para a identificação e prevenção de situações que possam afetar a saúde mental.
De acordo com a preceptora psicóloga do ISD, Marta Alves, a rede de apoio é necessária não somente em casos de transtornos mentais. O sofrimento e o esgotamento mental diários, produzidos por rotinas exaustivas e longas jornadas de trabalho, também são características da contemporaneidade que podem evoluir para quadros mais graves.
Os membros da família, no entanto, também podem estar adoecidos, o que pode tornar os processos de diálogo e acolhimento mais desafiadores. “Hoje, nossas relações são atravessadas pela rotina, pelas jornadas de trabalho, pelo uso excessivo de tecnologias. Às vezes é difícil ter tempo de qualidade dentro do ambiente familiar. Em alguns momentos, você é a rede de apoio para uma pessoa ao mesmo tempo em que essa pessoa também é rede de apoio para você”, explica Marta.
Em cenários de ambiente familiar precarizado, fica ainda mais evidente a importância de serviços públicos atuantes nesse contexto. O atendimento psicológico fornecido pelo SUS, por exemplo, é feito por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), unidades de atendimento que têm por objetivo dar suporte a pessoas com intenso sofrimento psíquico. Atendimentos fornecidos gratuitamente pelo Serviço de Psicologia Aplicada, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e, da mesma forma, por universidades particulares do estado, também podem aproximar a população dos cuidados necessários com a saúde mental. Contudo, o apoio familiar atrelado à ajuda profissional continua sendo uma ferramenta necessária.
Variáveis e cuidados
“Não precisa existir, necessariamente, um sintoma estruturado como transtorno para que possamos sentir a necessidade de olhar para o sofrimento humano. É preciso levar a sério as diversas formas de adoecimento mental, tanto na saúde pública como na sociedade como um todo”, ressalta a preceptora. Quando se fala sobre prevenção, o foco é proporcionar uma melhor qualidade de vida no nosso dia a dia. É importante pensarmos como coletivo, considerando o afeto, as relações interpessoais como fatores protetivos e as limitações de cada grupo social.
As causas do adoecimento mental são variadas. Por isso, precisamos diversificar o nosso olhar para esses transtornos, no cotidiano. De acordo com Marta, alguns hábitos podem ajudar: cuidar da alimentação, praticar exercícios físicos e reservar um tempo de qualidade com pessoas próximas são exemplos. “Quando falamos de formas de prevenção, nunca é apenas uma. Devemos olhar para uma multiplicidade de aspectos da rotina. É importante conseguir ter momentos que gerem bem-estar, realizar atividades que a gente goste de fazer”, complementa.
Se você conhece alguém que precisa de ajuda, procure o CAPS mais próximo ou entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo número 188 ou pelo site.
Texto: Naomi Lamarck/Ascom – ISD
Foto: Leando Vieira/ Ascom – ISD
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