Em recente artigo publicado, disponível HERE, pesquisadoras, mestrandos e mestres em neuroengenharia, além de parceiros do Edmond and Lily Safra International Institute of Neuroscience (IIN-ELS), em Macaíba (RN), analisam reações de células do sistema nervoso ao implante de microeletrodos em cérebros de saguis. O estudo foi publicado em 23 de janeiro de 2019 no Brain Sciences, periódico internacional de acesso aberto.
A Professora Mariana Araujo, Pesquisadora do IIN-ELS e autora correspondente do artigo, explica que nesse projeto específico foi analisada a resposta de uma das células da glia do sistema nervoso, envolvida na chamada gliose reativa, uma espécie de encapsulamento do microeletrodo, surgido a partir de reação do organismo ao corpo estranho. Ela fala sobre o pioneirismo mundial desse estudo com saguis: “Estamos comparando as respostas de uma célula específica, o astrócito, ativada pela presença aguda e crônica de microeletrodos no tecido cerebral de primata. Existem diversos trabalhos deste tipo em roedores, mas em saguis não havia. Nesse contexto, é um estudo pioneiro, que analisa a ativação de astrócitos nesses animais. É muito raro na literatura científica encontrar dados de primatas com implantes agudos.”
A pesquisadora diz que um problema atual quando se usa eletrodo, por exemplo, é que a reação inflamatória do organismo diminui a vida útil desses dispositivos. Mariana cita que o grande diferencial do estudo é mostrar que também existe essa reação inflamatória no tecido do sagui, um primata, e a resposta de suas células é, provavelmente, mais próxima do que aconteceria em humanos. Segundo ela, essa pesquisa abre várias possibilidades no futuro, ainda que no momento seja um estudo de biologia comparativa relacionado à biocompatibilidade, ou seja, a habilidade de um material ser compatível com tecidos vivos: “Para conseguirmos propor formas de intervenção que diminuam a resposta inflamatória e aumentem o tempo de vida útil desses eletrodos para registros do sinal cerebral, o primeiro passo é entender como se dá essa reação. Assim é possível propor soluções ou formas de testar uma maior biocompatibilidade desses dispositivos”, afirma.
Manuela Sales, também Professora e Pesquisadora do IIN-ELS, enfatiza que o pioneirismo desse trabalho adiciona uma peça importante no entendimento da interação neuroimunológica em animais geneticamente próximos dos humanos: “Isso abre perspectivas para aplicações interfaces cérebro-máquinas ou uso de estimuladores cerebrais implantáveis mais duradouros e seguros”, conclui ela.
Título do artigo:
Equipe:
Carolina Kunicki, Manuela Sales It is Mariana Araujo, Pesquisadoras do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS); Fernanda Mesquita, Pós- Doutoranda do IIN-ELS; Kim Yano It is Samuel Budoff, alunos do Mestrado em Neuroengenharia do IIN-ELS; Jhulimar Doerl, Mestre em Neuroengenharia pelo IIN-ELS e Doutorando da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Maxwell Santana, Professor da Universidade Federal do Oeste do Pará.
Budoff, S.A.; Yano, K.M.; de Mesquita, F.C.; Doerl, J.G.; de Santana, M.B.; Nascimento, M.S.L.; Kunicki, A.C.B.; de Araújo, M.F.P. Astrocytic Response to Acutely- and Chronically-Implanted Microelectrode Arrays in the Marmoset (Callithrix jacchus) Brain. Brain Sci. 2019, 9, 19.
Text and photo: Ariane Mondo / Ascom – ISD
Santos Dumont Institute (ISD)
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